Saúde mental em municípios de baixo desenvolvimento: Estudo avaliativo da RAPS no Nordeste
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Resumen
Trata-se de um estudo avaliativo sobre a cobertura da Atenção Primária à Saúde (APS) e da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) em municípios de três estados nordestinos (Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte) que fazem parte de regiões com baixo desenvolvimento socioeconômico e baixa oferta de serviços (G1). Investigou-se a associação entre os índices de cobertura da APS, a oferta de serviços na RAPS e o perfil de morbimortalidade em saúde mental em territórios com e sem a presença de povos tradicionais. Procedeu-se a um estudo de caráter descritivo, realizado a partir de análise quantitativa exploratória de dados oriundos de diferentes bases disponíveis em domínio público. Concluiu-se que os municípios do G1, em geral, registram índices de saúde mental mais desfavoráveis em comparação aos regionais e nacionais. Além disso, que a baixa oferta de serviços e os altos índices de morbimortalidade em saúde mental estão associados à presença de povos tradicionais nesses municípios. Destaca-se a fragilização da oferta de cuidado em saúde mental e a existência de vazios assistenciais, situação que merece atenção, visto que esse cenário de desigualdades sociais tem sido o pano de fundo para o aumento da incidência de sofrimento psíquico na população em geral e, em particular, entre os povos tradicionais. Evidencia-se a importância da RAPS e da atenção psicossocial e alerta-se para os efeitos devastadores do desmonte progressivo da Política Nacional de Saúde Mental, que tem contribuído para a deterioração da situação de saúde e para a emergência de práticas asilares na região.
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