Mediação cultural da informação para o reencantamento do mundo
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2020.e72831Palabras clave:
Desencantamento, Reencantamento, Mediação cultural, Mediação da informação, Conhecimento científicoResumen
Objetivo: O presente artigo propõe discutir a implementação de práticas de mediação cultural da informação no âmbito do ensino e da pesquisa acadêmica, destacando a contribuição de tais práticas para a ampliação dos horizontes epistemológicos do pensamento científico. Tais objetivos se apoiam no reconhecimento do método científico como a forma mais arrojada de sistematização do conhecimento desenvolvida pela humanidade, porém em oposição à ideia de que o saber científico é o único portador de rigor e validade.
Método: Iremos empreender uma pesquisa exploratória em torno dos conceitos de “mediação da informação” e “mediação cultural” (conforme pensado nos diálogos entre os estudos da informação e da comunicação social), amalgamando-os em uma noção de “mediação cultural da informação”. Posteriormente, a crítica aos usos da racionalidade da ciência moderna nas políticas de colonização servirá de mote para a defesa de sua aproximação com outras epistemologias e concepções de vida e mundo; nesse âmbito, a ideia de tradução surge como exemplo de prática de mediação cultural da informação.
Resultado: Compreendemos que a perspectiva weberiana de “desencantamento do mundo” é resultante de uma racionalização das mais diferentes esferas da vida, processo que operou, na esteira da colonização de corpos e mentes, uma espécie de marginalização e apagamento de conhecimentos e saberes de povos tradicionais e de minorias ao redor do planeta.
Conclusões: A adoção de práticas de mediação cultural da informação tem o condão de operar uma espécie de “reencantamento do mundo”, permitindo que o entendimento dos fenômenos investigados pela ciência não se dê exclusivamente no âmbito da racionalização instrumental dos processos do conhecer, mas, também, pelas singularidades e pluralidades construídas e reconstruídas a partir de trocas simbólicas no plano da cultura.
Descargas
Citas
ADORNO, Theodor W; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
ALMEIDA, M. A. Mediação cultural e da informação: considerações socioculturais e políticas em torno do conceito. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 8., 2007, Salvador. Anais... Salvador: ANCIB. PPGCI-UFBA, 2007.
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, Sueli; SANTOS NETO, João Arlindo dos; SILVA, Rovilson José da (Orgs.). Mediação da informação e da leitura. Londrina: ABECIN, 2015. p. 9-32.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A Construção do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
CASTRO, Paula Drummond de; CAIRES, Luanne. Encontros e desencontros: como os conhecimentos indígena e tradicional interagem com o meio universitário. ComCiência - revista eletrônica de jornalismo científico. Dossiê 193, 10 de novembro de 2017. Disponível em: http://www.comciencia.br/encontros-e-desencontros-como-os-conhecimentos-indigena-e-tradicional-interagem-com-o-meio-universitario-2/ Acesso em 4 de abril de 2020
DAVALLON, Jean. A mediação: a comunicação em processo?. Prisma.com (Portugual), n. 4, p. 4-37, 2007. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/61109 Acesso em 4 de abril de 2020
JEANNERET, Yves. Médiation. In: La société de l’information: glossaire critique. Paris: La Documentation Française, p. 105-107, 2005.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. 3ª ed. Campinas, SP: Papirus, 1989.
MARTELETO, Regina; COUZINET, Viviane. Mediações e dispositivos de informação e comunicação na apropriação de conhecimentos: elementos conceituais e empíricos a partir de olhares intercruzados. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde. v. 7, n.2, 2013. Disponível em: https://www.brapci.inf.br/index.php/article/view/0000018336/69d768a6f1446a3591019dcbf4fb8142/ Acesso em 4 de abril de 2020
MBEMBE, Achille. 2015. Decolonizing knowledge and the question of the archive. Africa is a country (e-book). Disponível em https://africaisacountry.atavist.com/decolonizing-knowledge-and-the-question-of-the-archive Acesso em 4 de abril de 2020
MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 edições, 2018.
NY TIMES. French Doctor Apologises for Suggesting COVID-19 Treatment Be Tested in Africa. 3 de abril de 2020. Disponível em: https://www.nytimes.com/reuters/2020/04/03/world/europe/03reuters-health-coronavirus-africa-apology.html Acesso em 4 de abril de 2020
PERROTTI, Edmir. Mediação cultural: além dos procedimentos. In: SALCEDO, D. A. (Org.) Mediação cultural. São Carlos: Pedro & João Editores, 2016.
PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. A mediação cultural como categoria autônoma. Informação & Informação, v. 19, n. 2, p. 1-22, maio/agosto 2014. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/19992 Acesso em 4 de abril de 2020
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na pós modernidade. São Paulo: Cortez, 1995.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, 63, p. 237-280, Out. 2002. Disponível em: https://journals.openedition.org/rccs/1285#tocto1n5 Acesso em 4 de abril de 2020
SANTOS, Boaventura de Sousa. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. São Paulo: Boitempo, 2007.
SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro: Mórula, 2018.
WEBER, Max. A ciência como vocação. In: GERTH, H. H.; MILLS, C. H. Max Weber: Ensaios de Sociologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1982a.
WEBER, Max. Rejeições religiosas do mundo e suas direções. In: GERTH, H. H.; MILLS, C. H. Max Weber: Ensaios de Sociologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1982b.
WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2020 Arthur Coelho Bezerra, Luciane de Fátima Beckman Cavalcante
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
El autor debe garantizar:
que existe un consenso total de todos los coautores para aprobar la versión final del documento y su presentación para su publicación.
que su trabajo es original, y si se han utilizado el trabajo y / o las palabras de otras personas, estos se han reconocido correctamente.
El plagio en todas sus formas constituye un comportamiento editorial poco ético y es inaceptable. Encontros Bibli se reserva el derecho de utilizar software o cualquier otro método para detectar plagio.
Todas las presentaciones recibidas para su evaluación en la revista Encontros Bibli: revista electrónica de biblioteconomía y ciencias de la información pasan por la identificación del plagio y el auto-plagio. El plagio identificado en los manuscritos durante el proceso de evaluación dará como resultado la presentación de la presentación. En el caso de identificación de plagio en un manuscrito publicado en la revista, el Editor en Jefe llevará a cabo una investigación preliminar y, si es necesario, la retractará.
Esta revista, siguiendo las recomendaciones del movimiento de Acceso Abierto, proporciona su contenido en Acceso Abierto Completo. Por lo tanto, los autores conservan todos sus derechos, permitiendo a Encontros Bibli publicar sus artículos y ponerlos a disposición de toda la comunidad.
Los contenidos de Encontros Bibli están licenciados bajo Licencia Creative Commons 4.0.
Cualquier usuario tiene derecho a:
- Compartir: copiar, descargar, imprimir o redistribuir material en cualquier medio o formato
- Adaptar: mezclar, transformar y crear a partir del material para cualquier propósito, incluso comercial.
De acuerdo con los siguientes términos:
- Atribución: debe otorgar el crédito apropiado, proporcionar un enlace a la licencia e indicar si se han realizado cambios. Debe hacerlo bajo cualquier circunstancia razonable, pero de ninguna manera sugeriría que el licenciante lo respalde a usted o su uso.
- Sin restricciones adicionales: no puede aplicar términos legales o medidas tecnológicas que restrinjan legalmente a otros de hacer cualquier cosa que permita la licencia.