Trauma colonial e o testemunho do etnocídio Yanomami: uma leitura de marcados de Claudia Andujar

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-1384.2020.e67862

Resumen

O objetivo deste ensaio é analisar a obra Marcados, da fotógrafa Claudia Andujar, a partir da dupla temporalidade em que ela se insere. Como inscrição e continuidade da violência colonial, as noções de imagem, anacronismo, testemunho, trauma e etnocídio serão mobilizados e articulados no desenvolvimento da argumentação. Da teia que foi construída, sustenta-se uma hipótese de trabalho: a de que a autora quis, pela via da imagem, fazer um esforço de simbolização do processo colonial que acometeu o Brasil desde 1500 e que continua se manifestando no presente através de novas formas. Como resultado articulou-se a ideia de trauma, com as fotografias de Andujar e a experiência de colonização que é, nessa concepção, uma experiência de etnocídio.

Biografía del autor/a

Fabio Feltrin de Souza, Universidade Federal da Fronteira Sul, Erechim, RS

Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina, pós-doutorado pela Unicamp, pela Universidade Nova de Lisboa e pela Stony Brook University, onde foi pesquisador convidado. É professor associado do Curso de História da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS - Erechim) e do "Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas" (PPGICH).

João Pedro Garcez, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil

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Publicado

2020-02-26

Número

Sección

Eixo temático: “Amazônia: povos, conflitos e preservação”