Representações do corpo-capoeira: um diálogo com Foucault e as tradições orais africanas
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-1384.2025.e108977%20Palavras-chave:
capoeira, corpo, biopoder, oralidade, tradições africanasResumo
Este artigo busca discutir o corpo-capoeira como prática que evidencia as tensões entre disciplina e autonomia, articulando a tradição oral africana e o estudo de Michel Foucault. Para estabelecer essa relação, buscou-se investigar como o corpo é tomado nos estudos foucaultianos- partindo de uma análise do corpo individual à biopolítica- e como o corpo, por meio da arte, é concebido nas tradições orais africanas. Conclui-se que o corpo-capoeira subverteu a lógica do poder dominante transformando-se em um espaço de resistência e saber afro-diaspórico, no qual a memória, a performance e a oralidade se articulam para construir uma subjetividade negra que desafia o controle e a normatização. Por meio da ginga e do jogo, a capoeira ressignifica o corpo negro historicamente submetido e disciplinado, convertendo-o em agente de autonomia e afirmação cultural. Assim, reconhecer o corpo-capoeira como repositório de saber e resistência é também reafirmar a própria identidade no contexto cultural afro-brasileiro.
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