Masculinidades e a formação de professores/as de Educação Física na EEFD/UFRJ
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-1384.2021.e72238Resumo
A Educação Física enquanto área de conhecimento se fixa e instaura a partir de modelos sexistas, generificados e generificadores, demarcados por diferenças e desigualdades de gênero e (re)produtores dessas diferenças. Este estudo pretendeu compreender a dinâmica de relações entre as masculinidades durante a formação superior de Educação Física. Perguntamos: as várias formas de masculinidades seccionam sujeitos, possibilitam ou renegam direitos e deveres diferentes de acordo com suas performatividades? Para alcançar esse objetivo, nos apropriamos da abordagem qualitativa, de tipo etnográfico, para observar quatro disciplinas obrigatórias, de 60 horas, do curso de Licenciatura em Educação Física durante um período acadêmico. Como resultados, pudemos denotar que as masculinidades próximas da hegemônica contornam homens cis-heterossexuais de maiores possibilidades e poderes, estabelecendo-se em um jogo de hierarquias que ridiculariza, menospreza e objetifica mulheres e outras identidades de gênero e sexualidades, o que pode vir a ser replicado durante a atuação profissional desses/as professores/as.
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