Poetas-tradutores: quando a tradução encontra a criação
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2020v40n3p92Resumo
Este artigo especula os motivos pelos quais muitos poetas brasileiros se dedicam à tradução de poesia ao invés de trabalharem exclusivamente em seus projetos de criação “autoral”. Partimos da constatação de que os poetas foram os grandes responsáveis pela tradução e publicação de poesia estrangeira no Brasil na segunda metade do século passado e na primeira década deste século, apesar de a autoria tida como “original” ter sido considerada, pelo menos desde o Romantismo, superior ou mais digna de apreço do que a tradução. Conclui-se que os poetas que recorrem à tradução o fazem, em geral, tendo em mente pelo menos três intenções não-excludentes: a) demarcar as suas filiações ou afinidades com determinada família poética; b) proceder a um exercício de crítica e criação com a finalidade de imergir na experiência da linguagem de outro poeta; c) influenciar os cânones, apontando rumos para a poesia local. Também são abordadas outras consequências das escolhas tradutórias dos poetas-tradutores para o sistema literário local.
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