Documento e institucionalidades: dimensões epistemológica e política
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2018v23n51p138Palabras clave:
Documento, Institucionalidade, Relação saber-poder, Epistemologia, PolíticaResumen
Problematiza o conceito documento em disciplinas que privilegiam a ênfase nas características de fisicalidade do suporte para alguma finalidade prática. Argumenta a necessidade de complementaridade a tais construtos no sentido de buscar caminhos de compreensão do fenômeno holisticamente, lançando as seguintes hipóteses: a) a materialidade do documento é ulterior à fisicalidade do suporte; b) o documento se constitui como um produto de práticas sociais, envolvido por diferentes institucionalidades. A reflexão sobre a relação simbiótica entre materialidade do documento e práticas sociais e institucionalidades é precedida do questionamento da epistemologia como espaço meta-discursivo, encontrando no componente político uma alternativa complementar e estratégica. Busca compreender o documento como objeto com valor social (fonte de informação ou evidência), tendo em vista, dentre outros aspectos, a autoridade do sujeito que valida o objeto nalgum contexto institucional. Objetiva, ainda, demonstrar que a materialidade do documento tem sua identidade determinada por sua função documental e por práticas sociais que lhe conferem valor político. Para tanto, encontra subsídio em aspectos abordados nas obras de Michel Foucault e de Maria Nélida Gonzáles de Gómez, considerando variáveis presentes desde a concepção de valores documentais até a validação da informação para a transformação do objeto em documento. Consideram, nessa direção, regimes, ações e práticas informacionais, num espaço interpretativo direcionado à tentativa de compreensão de empreendimentos epistemológicos e políticos de algum modo tocados, institucionalmente, pela relação saber-poder.Descargas
Citas
APPADURAI, A. Introdución: las mercancías y la política del valor. In:______. (Ed.). La vida social de las cosas: perspectiva cultural de las mercancias. México: Grijalbo, 1991. p.17-87.
BLOCH, M. Introdução à história. Ed. rev. aum. e criticada por Étienne Bloch. [S.l.]: Forum da História/Publicações Europa-América, 1997.
BOURDIEU, P. Espírito do Estado: gênese e estrutura do campo burocrático. In:______. Razões práticas sobre a teoria da ação. 4.ed. Campinas, SP: Papirus, 1996. p.91-135.
BRIET, S. Qu'est-ce que la documentation? Paris: Éditions Documentaires Industrielles et Técnicas, 1951.
BUCAILLE, R.; PESEZ, J.-M. Cultura material. In: ENCICLOPÉDIA EINAUDI. Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1989. v.16.
BUCKLAND, M. K. Information as thing. JASIS, v.45, n.5, p.351-360, 1991.
BURKE, P. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In:______. (Org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992. p.7-37.
DREYFUS, H. L.; RABINOW, P. Genealogia do indivíduo moderno: a analítica interpretativa do poder, da verdade e do corpo. In:______. Michel Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Trad. Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
DURANTI, L. Diplomática: usos nuevos para una antigua ciencia. Trad. Manuel Vászquéz. Carmona: S & C Ediciones, 1995.
EVANS, G.E. Developing library and information center collection. 4.ed. Englewood: Libraries Unlimited, 2000.
FAYET-SCRIBE, S. Histoire de la documentation en France: culture, science et technologie de l´information: 1895-1937. Paris: CNRS, 2001.
FONSECA, M. O. Arquivologia e ciência da informação. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
FOUCAULT, M. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
______. A arqueologia do saber. Lisboa: Almedina, 2005.
______. Nietzsche, a genealogia e a história. In:______. Microfísica do poder. 12.ed. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 2002. p.15-37.
FREITAS, L. S. Documento e poder: uma arqueologia da escrita. Morpheus, Ano 9, n.14, p.58-73, 2012. Disponível em: <http://www4.unirio.br/morpheusonline/numero14-2012/artigos/lidia_pt.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2014.
FROHMANN, B. Taking policy beyond information science: applying the actor network theory for connectedness: information, systems, people, organizations. In: ANNUAL CONFERENCE CANADIAN ASSOCIATION FOR INFORMATION SCIENCE, 23., 1995. Proceedings… Edmonton: Alberta, 1995. Disponível em: <http://www.fims.uwo.ca/people/faculty/frohmann/Documents/TAKING%20INFORMATION%20POLICY%20BEYOND%20INFORMATION%20SCIENCE.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2014.
______. O caráter social, material e público da informação. In: FUJITA, M.; MARTELETO, R.; LARA, M. (Org.). A dimensão epistemológica da ciência da informação e suas interfaces técnicas, políticas e institucionais nos processos de produção, acesso e disseminação da informação. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Fundepe, 2008, p. 19-34. Disponível em: <http://repositorios.questoesemrede.uff.br/repositorios/handle/123456789/829>.A cesso em: 1 abr. 2014.
GINZBURG, C. Controlando a evidência: o juiz e o historiador. In: NOVAIS, F. A.; SILVA, R. F. da (Org.). Nova história em perspectiva. São Paulo: Cosac Naify, 2011. p. 342-358.
GONZÁLEZ de GÓMEZ, M. N. O caráter seletivo das ações de informação. Informare, v.5, n.2, p.7-35, 1999.
______. Metodologia da pesquisa no campo da Ciência da Informação. R. Bibliotecon. Brasilia, v. 23/24, n. 3, p. 333-346, 1999/2000.
______. Cuestiones epistemológicas de la Ciencia de la Información y de la Bibliotecología. In: RENDÓN ROJAS, M. Á. Problemas sobre teoría y epistemología de la ciencia bibliotecológica y de la información: discusión y análisis. Ciudad de Mexico: UNAM, 2000. p.1-15. (Colección: Teoria y Métodos 1. Centro Universitario de Investigaciones Bibliotecológicas).
______. As relações entre ciência, Estado e sociedade: um domínio de visibilidade para as questões da informação. Ci. Inf., v. 32, n. 1, p. 60-76, jan./abr. 2003.
______. Novas configurações do conhecimento e validade da informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 8., Salvador, 2007. Anais... Salvador: ANCIB; UFBA, 2007. Disponível em: <http://www.enancib.ppgci.ufba.br/artigos/GT1--177.pdf>. Acesso em: 3 fev. 2017.
______. As ciências sociais e as questões da informação. Morpheus, ano 9, n. 14, 2012. Disponível em: <http://www4.unirio.br/morpheusonline/numero14-2012/artigos/nelida_pt.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2014.
______. Validade científica: da epistemologia à ética e à política. Liinc em Revista, v. 11, p. 339-359, 2015. Disponível em: <http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3649 >. Acesso em: 2 jul. 2016.
______. Habermas y Foucault: la búsqueda del discurso post-epistemológico sobre la ciencia. Scire, v. 22, p. 45-56, 2016.
GRIGOLETO, M. C.; MURGUIA, E. I. As bases epistemológicas do patrimônio institucionalizado. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 16., João Pessoa, 2015. Informação, memória e patrimônio: do documento às redes. João Pessoa: ANCIB; UFPB, 2015. GT 1 – Estudos Históricos e Epistemológicos da Ciência da Informação. Disponível em: <http://inseer.ibict.br/ancib/index.php/tpbci/article/view/194/243>. Acesso em: 03 fev. 2017.
GUIMARÃES, J. A. A dimensão teórica do tratamento temático da informação e suas interlocuções com o universo científico da International Society for Knowledge Organization (ISKO). Revista Ibero-americana de Ciência da Informação (RICI), v.1 n.1, p.77-99, jan./jun. 2008.
HJORLAND, B. Fundaments of Knowledge Organization. Know. Org., v.30, n.2, p. 87-111, 2003.
______. Documents, memory institutions and information science. Journal of Documentation, v. 56, n. 1, p. 27-41, 2000.
JAENECKE, P. To What end Knowledge Organization. Know. Org., v.21, n.1, p. 3-11, 1994.
LE GOFF, J. Documento/monumento. In:______. História e memória. Traduzido por Bernardo Leitão et al. 3.ed. Campinas: Ed. UNICAMP, 1994. (Coleção Repertórios).
MALISKA, M. A. Max Weber e o Estado racional moderno. Revista Eletrônica do CEJUR, v. 1, n. 1, ago./dez. 2006. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cejur/article/view/14830 >. Acesso em: 6 fev. 2014.
MEYRIAT, J. Document, documentation e documentalogie, Revue de Bibliologie, Schema et Schematisation, n.19, p.51-63, 1981.
MURGUIA, E. Documento e instituição: produção, diversidade e verdade. In: FREITAS, L. S.; MARCONDES, C. H.; RODRIGUES, A. C. (Org.). Documento: gênese e contextos de uso. Niterói, EdUFF, 2010. v. 1, p.123-140.
______. Saber poder: os agenciamentos da Ciência da Informação com a Biblioteconomia e Arquivologia no Brasil. InCID: R. Ci. Inf. e Doc., v. 5, n. 1, p. 4-26, mar./ago. 2014. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/incid/article/view/64335>. Acesso em: 4 jan. 2015.
NUÑEZ-CONTRERAS, L. Concepto de documento. In:______. Archivistica: estudios básicos. Sevilla: Diputación Provincial, 1981. p.25-44.
OTLET, P. Traité de documentation : le livre sur le livre : théorie et pratique. Bruxelles : Mundaneum, 1934.
POMIAN, K. Colecção. In: ENCICLOPÉDIA EINAUDI. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1984. v.1. Disponível em: <http://flanelografo.com.br/impermanencia/biblioteca/Pomian%20(1984b).pdf>. Acesso em: 16 jul. 2014.
RABELLO, R. A dimensão categórica do documento na Ciência da Informação. Encontros Bibli, v.6, p.131-156, 2011. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/pbcib/article/view/13237>. Acesso em: 1 abr. 2014.
______. ; RODRIGUES, G. M. Prova documental: inscrições e materialidade. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v.7, n.2, p.1-21, 2014. Disponível em: <http://inseer.ibict.br/ancib/index.php/tpbci/article/viewArticle/151>. Acesso em: 10 maio 2016.
______. ; ______. Documento, forma e materialidade: abordagens probatórias e representação da realidade. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 17. 2016, Salvador. Anais... Salvador: ANCIB; UFBA, 2016. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/0B7rxeg_cwHajQjdFcWMxd1pFYk0/view>. Acesso em: 1 abr. 2017.
RICOEUR, P. Fase documental: a memória arquivada. In:______. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Ed. Unicamp, 2007.
RIEH, S. Y. Judgment of information quality and cognitive authority in the Web. JASIST, v.53, n.2, p.145-161, 2002.
______. ; BELKIN, N. J. Understanding judgment of information quality and cognitive authority in the WWW. In: ANNUAL MEETING OF THE AMERICAN SOCIETY FOR INFORMATION SCIENCE, 61., 1998. [S.l.]. Proceedings… [S.l.: s.n.], 1998.
______. ; DANIELSON, D. R. Credibility: a multidisciplinary framework. ARIST, v. 41, p. 307-364, 2007.
SARACEVIC, T. Relevance: a review of and a framework for the thinking on the notion in information Science. In: BRAGA, G. M.; PINHEIRO, L. V. R. (Org.). Desafios do impresso ao digital: questões contemporâneas de informação e conhecimento. Brasília: IBICT; UNESCO, 2009. p.15-70.
SAVOLAINEN, R. Information behavior and information practice: reviewing the ‘umbrella concepts’ of information-seeking studies. Library Quarterly, v.77, n.2, p.109-132, 2007.
SCHWARTZ, J.M.; COOK, T. Arquivos, documentos e poder: a construção da memória moderna. Revista do Arquivo Público Municipal de Indaiatuba, v.3, n.3, p.15-30, 2004.
SOUZA, B. G.; MURGUIA, E. I. Documentação de fé: reflexões sobre ex-votos e a sala das promessas do Santuário Nacional de Aparecida. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 5, n.1, 2012. Disponível em: <http://inseer.ibict.br/ancib/index.php/tpbci/article/viewArticle/84>. Acesso em: 3 fev. 2017.
TAMMARO, A. M.; SALARELLI, A. A coleção digital. In:______. A biblioteca digital. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.
TOGNOLI, N. B. A construção teórica da Diplomática: em busca de uma sistematização de seus marcos teóricos como subsídio aos estudos arquivísticos. 2013, Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade Estadual Paulista, Marília, 2013.
TRAGTENBERG, M. Burocracia: da mediação à dominação. In:______. Burocracia e ideologia. São Paulo: Ática, 1985. p. 186-219.
WEBER, M. Burocracia. In:______. Ensaios de sociologia. 5. ed. São Paulo: LTC, 2002. p.229-282.
WEITZEL, S. R. Desenvolvimento de coleções: origem dos fundamentos contemporâneos. Transinformação, v.24, n.3, p.179-190, set./dez. 2012. Disponível em:<http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/article/view/1201/1176>. Acesso em: 16 jul. 2014.
WERSIG, G.; WINDEL, G. Information Science needs a theory of ‘information actions’. Social Science Information Studies, v. 5, p.11-23, 1985.
WOLEDGE, G. “Bibliography’ and “Documentation”: words and ideas. Journal of Documentation, v.39, n.4, p.266-279, 1983.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2017 Rodrigo Rabello
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
El autor debe garantizar:
que existe un consenso total de todos los coautores para aprobar la versión final del documento y su presentación para su publicación.
que su trabajo es original, y si se han utilizado el trabajo y / o las palabras de otras personas, estos se han reconocido correctamente.
El plagio en todas sus formas constituye un comportamiento editorial poco ético y es inaceptable. Encontros Bibli se reserva el derecho de utilizar software o cualquier otro método para detectar plagio.
Todas las presentaciones recibidas para su evaluación en la revista Encontros Bibli: revista electrónica de biblioteconomía y ciencias de la información pasan por la identificación del plagio y el auto-plagio. El plagio identificado en los manuscritos durante el proceso de evaluación dará como resultado la presentación de la presentación. En el caso de identificación de plagio en un manuscrito publicado en la revista, el Editor en Jefe llevará a cabo una investigación preliminar y, si es necesario, la retractará.
Esta revista, siguiendo las recomendaciones del movimiento de Acceso Abierto, proporciona su contenido en Acceso Abierto Completo. Por lo tanto, los autores conservan todos sus derechos, permitiendo a Encontros Bibli publicar sus artículos y ponerlos a disposición de toda la comunidad.
Los contenidos de Encontros Bibli están licenciados bajo Licencia Creative Commons 4.0.
Cualquier usuario tiene derecho a:
- Compartir: copiar, descargar, imprimir o redistribuir material en cualquier medio o formato
- Adaptar: mezclar, transformar y crear a partir del material para cualquier propósito, incluso comercial.
De acuerdo con los siguientes términos:
- Atribución: debe otorgar el crédito apropiado, proporcionar un enlace a la licencia e indicar si se han realizado cambios. Debe hacerlo bajo cualquier circunstancia razonable, pero de ninguna manera sugeriría que el licenciante lo respalde a usted o su uso.
- Sin restricciones adicionales: no puede aplicar términos legales o medidas tecnológicas que restrinjan legalmente a otros de hacer cualquier cosa que permita la licencia.