Cotidiano urbano e rebeldia popular nas origens do Quebra-Bondes (Salvador, 1926-1930)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2023.e95167Palavras-chave:
Revolução de 30, Quebra-Bondes, políticaResumo
Os acontecimentos de outubro de 1930, que culminaram na queda da 1ª República (1889-1930), foram marcados em Salvador por um protesto contra a Linha Circular, companhia monopolizadora dos serviços urbanos (transporte público, telefonia e eletricidade). Entre o início da noite do dia 4 e o início da madrugada do dia 5, populares atacaram o material fixo e rodante da subsidiária da General Electric, deixando prejuízos calculados entre 1 e 2 milhões de dólares. O protesto comprometeu, assim, não apenas transporte público, eletrificação e telefonia, mas o abastecimento hídrico, em parte dependente da eletricidade. Entretanto, apesar de ter marcado memória, o Quebra-Bondes, como a insurreição ficou conhecida, recebeu pouca atenção da historiografia. O atual artigo apresenta um quadro sistemático da situação do transporte público, da energia e do telefone nos quatro anos anteriores ao Quebra-Bondes. Ele redimensiona o significado do quebra-quebra, ao apontar o papel indireto ou parcial exercido pela Circular em três outros setores, que são a moradia, o saneamento e o abastecimento. Não aborda o protesto propriamente dito, nem sua relação com a Revolução de 1930; entretanto, analisa quebra-bondes ocorridos nos anos anteriores, cujo formato antecipou o motim dos dias 4 e 5. Essas manifestações precedentes mostraram uma memória consolidada sobre a capacidade de as classes populares perturbarem o cotidiano de uma cidade em metamorfose, em transformação.
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