Climb, creep e fall em traduções para o português e para o francês
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2025.e100278Palavras-chave:
tradução, movimento, climb, creep, fallResumo
Realizou-se uma análise de 128 amostras contendo os verbos de movimento climb (‘trepar’, ‘escalar’), fall (‘cair’) e creep (‘rastejar’) recolhidas de três romances originais em inglês e suas traduções profissionais para o português e o francês. Em seus sentidos mais básicos, climb e fall codificam o trajeto e uma maneira de movimento, enquanto creep denota somente a maneira. Em 66% dos contextos com climb, os tradutores substituíram esse verbo por um verbo de trajeto em português e um verbo de maneira e trajeto em francês. Fall foi traduzido por cair em português (75%) e tomber do francês (50%), e todos os três verbos expressam trajeto e maneira de forma semelhante. A tradução da maneira em cenas com creep ficou em torno de 70% nas duas línguas. Nas traduções de climb e fall com um satélite, expressando mais de uma trajetória, os tradutores conservaram apenas uma delas no texto alvo, o que corrobora a literatura sobre o tema. Mas, no francês, eles conservaram duas trajetórias quando foi possível empregar dans. Além de efeitos tipológicos previsíveis segundo a Tipologia do Movimento (L. Talmy), nas cenas com fall, a ‘volição’ e a ‘animação’ da figura em movimento parecem ter influenciado as escolhas tradutórias. Foram observadas semelhanças intratipológicas e diferenças intertipológicas como esperado. Entretanto, no francês, a manutenção da maneira foi mais preponderante. No geral, as traduções para o francês apresentaram maior diversidade de tipos verbais que combinavam maneira e trajeto. Tais afirmações se restringem às estratégias usadas na tradução dos três verbos escolhidos.
Referências
Baker, M. (2013). Foreword. In A. Rojo & I. barretuñano (Eds.), Cognitive Linguistics and Translation: Advances in Some Theoretical Models and Applications (pp. 6–7). De Gruyter Mouton.
Berman, R. A., & Slobin, D. I. (1994). Relating events in narrative: a crosslinguistic developmental study. Lawrence Erlbaum Associates.
Centre National de Ressources Textuelles et Lexicales. (2012). Ortolang. CNRTL. https://www.cnrtl.fr/
Cifuentes Férez, P. (2018). Metodologías de Investigación en Movimiento y Traducción. In A. Rojo (Ed.), La Investigación en Traducción: una revisión metodológica de la disciplina (pp. 31–67). Anthropos Editorial.
Ferreira, A. G., & Moura, H. (2023). “E então ele foi chapinhando até a porta”: uma análise de tradução de modo de movimento em inglês para polonês e português brasileiro. Cadernos de Tradução, 43, 01–26. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2023.e90393
Golding, W. (1954). Lord of flies. Faber and Faber.
Golding, W. (1968). Sa Majesté des Mouches [Lord of flies] (L. Tranec-Dubled, Trad.). Le Livre de Poche.
Golding, W. (2011). O Senhor das Moscas [Lord of Flies] (G. G. Ferraz, Trad.). Saraiva.
Hickmann, M., Hendriks, H., & Champaud, C. (2009). Typological Constraints on Motion in French and English Child Language. In J. Guo, E. Lieven, N. Budwig, S. Ervin-Tripp, K. Nakamura & S. Ozcaliskan (Eds.), Crosslinguistic Approaches to the Psychology of Language: Research in the Tradition of Dan Isaac Slobin (pp. 209–224). Psychology Press.
Hijazo-Gascón, A., & Ibarretxe-Antuñano, I. (2013). Las lenguas románicas y la tipología de los eventos de movimiento. Romanische Forschungen, 125, 467–494.
Houaiss, A., Villar, M. S., & Franco, F. M. M. (2004). Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Objetiva.
House, J. (2018). Translation: the basics. Routledge.
Ibarretxe-Antuñano, I. (2003). What Translation Tells Us About Motion: A Contrastive Study of Typologically Different Languages. International Journal of English Studies, 3(2), 151–175.
Ibarretxe-Antuñano, I. & Filipović, L. (2013). Lexicalisation Patterns and Translation. In A. Rojo, & I. Ibarretxe-Antuñano (Eds.), Cognitive Linguistics and Translation: Advances in Some Theoretical Models and Application (pp. 251–281). Gruyter Mouton.
Moura, H., & Badaracco, L. (2019). Traduzindo verbos de movimento do inglês para o português: léxico e construções. Cadernos de Tradução, 39(2), 166–183. http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2019v39n2p166
Oliveira, A. A., & Fernandes, R. M. (2022) Expressing complex paths of motion in Brazilian Portuguese: a closer look at frog stories. In J. P. Chiappara & J. S. Siqueira (Eds.), Estudos de Linguística, Ensino e Literatura em múltiplas perspectivas (pp. 21–35). Divisão Gráfica Universitária – UFV.
Reiss, K., & Vermeer, H. J. (2013). Towards a general theory of translational action: skopos theory explained. (C. Nord, Trans.). Routledge.
Slobin, D. I. (1987). Thinking for speaking. Linguistics Society, 13, 435–445. https://doi.org/10.3765/bls.v13i0.1826
Slobin, D. I. (1991). Learning to think for speaking: Native language, cognition, and rhetorical style. Pragmatics, 1(1), 7–25.
Slobin, D. 1. (1996a). Two ways to travel: Verbs of motion in English and Spanish. In M. Shibatani, & S. A. Thompson (Eds.), Grammatical Constructions. Their Form und meaning (pp. 195–219). Clarendon Press.
Slobin, D. (1996b). From “thought and language” to “thinking for speaking”. In J. Gumperz, & S. Levinson (Eds.), Rethinking linguistic relativity (pp. 70–96). Cambridge University Press.
Slobin, D. (1997). Mind, code, and text. In: J. Bybee, J. Haiman & S. Thompson (Eds.), Essays on language function and language type: dedicated to T. Givón (pp. 437–467). John Benjamins.
Slobin, D. (2000). Verbalized Events: A Dynamic Approach to Linguistic Relativity and Determinism. In S. Niemier & R. Dirven (Eds.), Evidence for linguistic relativity (pp. 107-138) John Benjamins.
Slobin, D. I. (2004). Relating narrative events in translation. In D. D. Ravid & H. Shyldkrot (Eds.), Perspectives on language and language development: essays in honor of Ruth A. Berman (pp. 115–130). Kluwer Academic Publishers.
Slobin, D. I. (2006a). Two ways to travel: verbs of motion in English and Spanish. In M. Shibatani & S. A. Thompson (Eds.), Grammatical constructions: their form and meaning (pp. 195–219). Claredon Press.
Slobin, D. I. (2006b). What makes manner of motion salient? Explorations in linguistic typology, discourse, and cognition. In M. Hickmann & S. Robert (Eds.), Space in Languages. Linguistic Systems and Cognitive Categories (pp. 59–80). John Benjamins.
Slobin, D. I. (2017). Typologies and language use. In I. Ibarretxe-Antuñano (Ed.), Motion and Space across Languages. Theory and applications (pp. 420–445). John Benjamins.
Slobin, D. I., Ibarretxe-Antuñano, I., Kopecka, A., & Majid, A. (2014). Manners of human gait: a crosslinguistic event-naming study. Cognitive Linguistics, 4(20), 701–741. https://doi.org/10.1515/cog-2014-0061
Snell-Hornby, M. (1983). Verb Descriptivity in German and English: A Contrastive Study in Semantic Fields. Carl Winter.
Steinbeck, J. (1939). The Grapes of Wrath. Penguin Books.
Steinbeck, J. (1947). Les Raisins de la Colère (M. Duhamel & M. Coindreau, Trad.). Gallimard.
Steinbeck, J. (2012). As Vinhas da Ira. (H. Caro & E. Vinhaes, Trad.). Record.
Talmy, L. (1991). Path to Realization: A Typology of Event Conflation. Proceedings of the Seventeenth Annual Meeting of the Berkeley Linguistics Society, BLS 17, 480–519. https://doi.org/10.3765/bls.v17i0.1620
Talmy, L. (2000a). Toward a cognitive semantics: typology and process in concept structuring (Vol. II). The MIT Press.
Talmy, L. (2000b). Toward a cognitive semantics: concept structuring systems. (Vol. I). The MIT Press.
Twain, M. (2005a). Adventures of Tom Sawyer: Webster's French Thesaurus Edition for ESL, EFL, ELP, TOEFL®, TOEIC®, and AP® Test Preparation. ICON Classics.
Twain, M. (2005b) As Aventuras de Tom Sawyer (W. Lagos, Trad.). Amazon.
Twain, M. (2021). Les Aventures de Tom Sawyer (T. W. L. Hughes, I. A. Sirouy & I. T. Williams, Trads.). Edition Bilingue Illustré. Amazon.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Cadernos de Tradução

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista).