O maior erro de Einstein? Debatendo o papel dos erros na ciência através de um jogo didático sobre cosmologia

Autores

  • Alexandre Bagdonas Universidade Federal de Lavras http://orcid.org/0000-0002-7125-2016
  • João Zanetic Instituto de Física, Universidade de São Paulo
  • Ivã Gurgel Instituto de Física, Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7941.2018v35n1p97

Resumo

A constante cosmológica de Einstein, introduzida por ele como uma estratégia para manter seu modelo de universo estático, tem sido divulgada como um dos maiores erros de sua carreira. Em 1922, Einstein avaliou o artigo enviado por Friedmann para um periódico alemão, mostrando que existe uma solução das equações de campo da relatividade geral em que o tamanho do universo aumenta com o tempo. Einstein considerou que Friedmann teria cometido um erro nos cálculos, mas após discutir a questão com um colega de Friedmann, reconheceu seu engano, declarando que a proposta do universo em expansão seria matematicamente possível. Contudo, acreditava que essa ideia dificilmente teria algum sentido físico. Este episódio histórico foi adaptado para o contexto do ensino de Física do ensino médio através da criação de um jogo didático. Neste artigo, analisamos argumentos envolvendo a oposição entre Einstein e Friedmann e as concepções dos alunos sobre o papel dos erros na ciência. Houve um equilíbrio entre o número de alunos que apoiou Einstein ou Friedmann. Muitos dos fãs de Einstein tinham uma admiração ingênua, acreditando que alguém tão inteligente como ele não poderia cometer erros. Por outro lado, os fãs de Friedmann valorizaram sua atitude crítica, desafiando a autoridade de um cientista renomado. Os alunos discutiram se o fato de que Einstein tenha admitido seu próprio erro deveria ou não ser valorizado. Com isso, notamos argumentos interessantes dos alunos sobre o papel dos erros na ciência, que motivaram a problematização do mito dos grandes gênios que nunca erram e cuja autoridade não deve ser questionada.

Biografia do Autor

Alexandre Bagdonas, Universidade Federal de Lavras

Bacharel e Licenciado em Física, Mestre e Doutor em Ensino de Física, Pesquisa contribuições da História e Filosofia da Ciência para o Ensino de Ciências

João Zanetic, Instituto de Física, Universidade de São Paulo

Possui graduação em Física (1967) pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), mestrado em Física pelo IFUSP (1972), mestrado em Science Education pela University of London (1974) e doutorado em Ensino de Física pela Faculdade de Educação da USP (1990). Atualmente é professor sênior (aposentado) do IFUSP. Tem experiência na área de Física, com ênfase na pesquisa em ensino de Física, atuando principalmente nos seguintes temas: História da Física, Epistemologia, Física e Literatura e Cultura Científica.

Ivã Gurgel, Instituto de Física, Universidade de São Paulo

Professor no Instituto de Física da USP, possui graduação em Licenciatura em Física (2004), mestrado em Ciências (Modalidade Ensino de Física, 2006) e doutorado em Educação (Modalidade Ensino de Ciências e Matemática, 2010) pela Universidade de São Paulo. Realizou estágio de doutorado no laboratório SPHERE – Sciences, Philosophie e Histoire do CNRS-França. Tem experiência nas áreas de História da Ciência, Epistemologia e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: História da Física nos Séculos XIX e XX, História da Ciência no Brasil, Estudos Culturais da Ciência e Teorias Críticas de Currículo. É membro do Centro de História da Ciência da USP e coordena o Grupo de Teoria e História do Conhecimento (TeHCo).

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Publicado

2018-04-25

Como Citar

Bagdonas, A., Zanetic, J., & Gurgel, I. (2018). O maior erro de Einstein? Debatendo o papel dos erros na ciência através de um jogo didático sobre cosmologia. Caderno Brasileiro De Ensino De Física, 35(1), 97–117. https://doi.org/10.5007/2175-7941.2018v35n1p97

Edição

Seção

História e Filosofia da Ciência

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