Branquitude em evidência: os significados disputados do Dia da Raça na Era Vargas
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2024.e101364Palavras-chave:
Raça, Era Vargas, branquitudeResumo
Este artigo investiga o Dia da raça, um feriado amplamente negligenciado instituído durante a Era Vargas no Brasil. Embora tradicionalmente agrupado ao lado de outras datas comemorativas do regime do Estado Novo, o Dia da raça recebeu pouca atenção nas análises históricas, apesar de suas significativas implicações raciais em um período caracterizado pela evolução dos conceitos de raça. Contrariando narrativas históricas que sugerem uma mudança governamental das ideologias pseudocientíficas de “branqueamento” para uma aceitação multirracial a partir da década de 1930, este artigo propõe que as ideologias raciais da era Vargas eram multifacetadas e ocasionalmente contraditórias. Especificamente, examina o feriado Dia da raça como uma lente através da qual se pode analisar as agendas nuançadas e frequentemente conflitantes sobre raça durante este período. Enquanto estudos anteriores têm enfatizado principalmente a valorização da miscigenação pelo Estado Novo sob a ideologia da democracia racial, este estudo destaca a centralidade da branquitude dentro dessas celebrações. Acompanhando várias iterações do Dia da raça, argumento que o feriado exemplifica como o regime Vargas propagava uma narrativa de inclusividade racial enquanto sutilmente reforçava a supremacia branca. Este artigo, portanto, contribui para a compreensão da natureza complexa e estratificada das construções raciais durante a era Vargas ao enfatizar o status normativo, muitas vezes implícito, da branquitude no discurso nacional.
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