A ambiguidade da singularidade: a incorporação da questão racial brasileira pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) nas décadas de 1920 e 1930

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-9222.2022.e85547

Palavras-chave:

PCB, questão racial, singularidade brasileira

Resumo

Este texto apresenta uma reflexão sobre o tratamento que o PCB – partido político mais antigo do Brasil – dispensou à questão racial brasileira nas suas primeiras décadas de existência, fundamentalmente, as décadas de 1920 e 1930. Utilizando-nos de fontes bibliográficas, documentos oficiais e artigos da imprensa vinculada ao partido concluímos que: se por um lado, o PCB não ignorou a questão racial brasileira, por outro tratou-a lateralmente nos seus documentos e ação institucional muito por conta da assimilação da tese de que a singularidade do desenvolvimento social e histórico brasileiro determinaria um tipo de sociabilidade na qual a modernização da sociedade possibilitaria a superação do racismo, por isso mesmo, questões relativas às classes sociais sobrepujariam a questão racial brasileira, mesmo quando amalgamadas.

Biografia do Autor

Marcelo Silva, Universidade Federal do ABC (UFABC)

Mestre em Planejamento e Gestão do Território e Doutorando em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC (UFABC).

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Publicado

2022-10-17

Como Citar

SILVA, Marcelo. A ambiguidade da singularidade: a incorporação da questão racial brasileira pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) nas décadas de 1920 e 1930. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 14, p. 1–20, 2022. DOI: 10.5007/1984-9222.2022.e85547. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/85547. Acesso em: 3 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: O PCB e os mundos do trabalho

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