Contribuições da pedagogia socialista para a educação da infância no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e54987Resumo
A discussão sobre a concepção de educação e de educação infantil orientada pelos pressupostos educacionais socialistas influencia as práticas e produções teóricas que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desenvolveu em suas três décadas de existência. Este artigo tem como objetivo refletir sobre as contribuições da Pedagogia Socialista para a concepção de educação infantil do MST e, para isso, apresenta convergências entre a concepção de infância e de educação dos autores da Pedagogia Socialista e a proposta educativa para a educação infantil do MST. Para tal, adota como metodologia a pesquisa bibliográfica, com a revisão dos autores precursores da concepção moderna de infância (ARIÈS, 1981; POSTMAN, 1999; MELLO, 2007; KLEIN 2009), da Pedagogia Socialista (SUSCHUDOSLSKI, 1978; PISTRAK, 2000, 2009; SHUGIN, 2013; FREITAS, 2017) e a concepção do MST para a educação de crianças (CALDART, 2000; MST, 2004, 2005; DALMAGRO, 2010). Dentre as principais conclusões, destacamos que as bibliografias revisadas entendem a criança e a sua educação como produtos das relações sociais historicamente construídas. A criança, embora tenha funções psicológicas distintas das dos adultos, está inserida na mesma sociedade, por isso é ilusória a tentativa de separá-la das relações de produção e reprodução da vida social concreta.
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