Transnacionalismo, interseccionalidade e ativismo na política de saúde para mulheres

Autores

  • Layla Pedreira Carvalho

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2023v31n292876

Palavras-chave:

Transnacionalismo, Interseccionalidade, Direitos reprodutivos, Movimentos de mulheres, Políticas de saúde

Resumo

Propomos, neste artigo, a análise do desenho da Rede Cegonha e da resposta à epidemia do vírus Zika, desde a perspectiva das políticas de saúde para as mulheres no Brasil. Construímos essa análise à luz de uma tríade de fatores que influenciam o desenho das políticas públicas: a mobilização de narrativas transnacionais; a interseccionalidade dos determinantes sociais de saúde e a mobilização da sociedade civil, em particular os movimentos de mulheres e feministas. Por meio de pesquisa em documentos produzidos por autoridades de saúde pública e de entrevistas com mulheres ativistas em saúde, reconstruímos a trajetória das políticas de saúde para as mulheres e discutimos que a dimensão transnacional presente nessas ações e programas ainda é pouco considerada pela literatura quando analisamos o ciclo dessas políticas, sobretudo no que tange às narrativas apresentadas por governos e sociedade civil.

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Publicado

2023-12-06

Como Citar

Pedreira Carvalho, L. . (2023). Transnacionalismo, interseccionalidade e ativismo na política de saúde para mulheres. Revista Estudos Feministas, 31(2). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2023v31n292876

Edição

Seção

Seção Temática Feminismos: Atuação Em Rede, Crise Democrática E Possibilidades Futuras

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