“Falam as eleitas do povo”: vereadoras e comunistas, a atuação política das mulheres do PCB no Rio de Janeiro (1946-1948)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2022.e87219Palavras-chave:
PCB, mulheres, vereadoras, direitos do trabalho das mulheresResumo
Em 1947, nas eleições municipais, três mulheres comunistas foram eleitas vereadoras do Distrito Federal, Rio de Janeiro. Eram elas Arcelina Mochel, Odila Schmidt e Lia Corrêa Dutra. O objetivo deste artigo é analisar o perfil e a atuação política delas durante o curto período em que o Partido Comunista do Brasil (PCB) esteve na legalidade (1946-1948). A partir das perspectivas da história das mulheres, das relações de gênero e da história social, a proposta é compreender como essas militantes construíram por dentro da luta política partidária uma pauta de reivindicações específicas para as mulheres, evidenciando a importância da discussão sobre a maternidade, o trabalho doméstico, os cuidados com a família, a equidade de salários, as leis trabalhistas, entre outros temas. Ao analisar o cotidiano da vida política das vereadoras na Câmara Municipal, o artigo mostra como elas criaram estratégias para tratar dessas questões dentro e fora do partido e do Parlamento, impulsionando a organização das mulheres nas regiões periféricas da antiga capital federal. Com base na análise do periódico Momento Feminino e na documentação da polícia política do Rio de Janeiro, argumentamos que o ambiente relativamente democrático viabilizado pela queda da ditadura do Estado Novo (1937-1945), pelo fim da Segunda Guerra e a Constituinte de 1946 abriu caminhos para a participação das mulheres na política, sobretudo, das lideranças femininas do PCB.
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