Relações raciais e racismo nos mundos do trabalho
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2023.e97461Palavras-chave:
racismo, mundos do trabalho, relações raciaisResumo
O presente dossiê busca ser uma contribuição para esse debate, e é o primeiro da Revista Mundos do Trabalho, publicada ininterruptamente desde 2009, inteiramente dedicado à análise das relações raciais e racismo nos mundos do trabalho. Apesar do ineditismo do dossiê, a qualidade dos artigos aqui reunidos evidencia que diversas iniciativas têm sido empreendidas no sentido de explorar com mais vagar as múltiplas conexões entre relações raciais, racismo e mundos do trabalho. Os artigos permitem observar uma miríade de aspectos sobre as conexões entre relações raciais, racismo e mundos do trabalho. Por um lado, indicam como a análise das trajetórias individuais e coletivas é fulcral para esmiuçar os preconceitos e dificuldades vivenciados nos espaços de trabalho. Por outro, como as histórias de vida também evidenciam as estratégias para suplantar as limitações colocadas pelo lugar racial, de classe, e, em certos casos, de gênero, e as lutas por direitos e cidadania. As múltiplas dimensões do associativismo aparecem como espaços privilegiados para compreender pontos das experiências da população afrobrasileira, desde o combate ao racismo, até a garantia de liberdade e autonomia. Além conceberem as associações mutualistas como dimensões importantes de suas vidas, operários e sindicalistas negros, mobilizados pela raça e pela classe, atuaram fortemente no movimento sindical e na política partidária e eleitoral, combatendo os obstáculos impostos pela opressão de classe e pela discriminação racial. A construção de elos afetivos entre afrodescendentes e indígenas, superando as barreiras étnicas e jurídicas, e a violência escravista colonial, na sociedade setecentista da América espanhola, é mais uma dimensão dessa profusão de multifacetadas experiências negras, no Brasil e nas outras partes das Américas.
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