Piratas, anamitas e traficâncias: um estudo sobre o engajamento de trabalhadores na Macau oitocentista
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2023.e92374Palavras-chave:
trabalho sob contrato, Império português, MacauResumo
No terceiro quartel do século XIX, Macau, enclave português em território chinês, constituiu-se em importante porto de saída de trabalhadores sob contrato. Documentos oficiais testemunham a preocupação da metrópole portuguesa com o crescente fluxo de chineses, os tipos de contrato, o recrutamento, as condições de transporte e dos barracões onde aguardavam o embarque, além da repercussão externa envolvendo ingleses, franceses e chineses. Este artigo estuda a emigração forçada de um grupo de anamitas raptados no mar por piratas chineses e depois vendidos como emigrantes aos agentes de emigração em Macau. Um estudo de caso revelador de algumas das minúcias da rede de negócios capilarizada com objetivo de recrutar indivíduos e transformá-los em trabalhadores sob contrato para suprir a demanda mundial por mão de obra barata e disciplinada.
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