Redes de sociabilidade e política: mestres de obras e associativismo no Recife oitocentista
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2010v2n4p109Abstract
No Brasil, a Constituição de 1824 extinguiu as corporações de ofício. Apesar da determinação legal, muitos costumes corporativos sobreviveram no Recife oitocentista. Valores como trabalho bem feito, honra, treinamento, perícia e inteligência continuaram a ser cultivados pelos mestres de ofício daquela cidade. Para escapar dos estigmas da escravidão e do “defeito mecânico”, um grupo de artífices de pele escura criou uma associação que lhes proporcionaria o desejado aperfeiçoamento artístico e socorros mútuos. Além de suprir necessidades cotidianas, a nova entidade também visava ao reconhecimento dos talentos e virtudes de seus membros. Adotando um discurso “modernizador”, esses artífices especializados conseguiram transformar sua associação em um importante agente político e pedagógico, controlar alguns setores do mercado da construção civil no Recife, garantir importantes conquistas pessoais e ascender socialmente. Este artigo discute o processo de formação dessa entidade.
References
ALBUQUERQUE E COSTA, Cleonir Xavier de; ACIOLI, Vera Lúcia Costa. José Mamede Alves Ferreira: sua vida, sua obra – 1820-1865. Recife: APEJE/Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes/Governo do Estado de Pernambuco, 1985.
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e Desígnio: o Brasil dos engenheiros militares (1500-1822). 2001. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, (Tese, Doutorado em Arquitetura e Urbanismo), 2001.
CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis: historiador. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
GUERRA, Flávio. Velhas Igrejas e Subúrbios Históricos. 2ª ed. rev. e amp., Recife: Fundação Guararapes, 1970.
IGLÉSIAS, Francisco. Vida Política, 1848-1866. In: HOLLANDA, Sérgio Buarque de. (dir.). História Geral da Civilização Brasileira: o Brasil monárquico. Tomo 2, V. 5. 8ª ed., São Paulo: Editora Bertrand Brasil, 2004.
JESUS, Ronaldo Pereira de. História e historiografia do fenômeno associativo no Brasil Monárquico (1860-1887). In: CARVALHO, Carla M. de; OLIVEIRA, Mônica Ribeiro de. (orgs.). Nomes e Números: alternativas metodológicas para a história econômica e social. Minas Gerais: Editora da UFJF, 2006, p. 285-304.
LÉON, Fernando Ponce de. A Igreja da Irmandade do Patriarca São José. Recife: IPHAN, 2004, mimeo (Projeto Patrimônio).
LINDEN, Marcel van der (ed.). Social Security Mutualism: the comparative history of mutual benefit societies. Bern: Lang, 1996.
LINS, Ana Maria Moura. A Burguesia sem Disfarce: a defesa da ignorância versus as lições do capital. 1992. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, (Tese, Doutorado em Educação), 1992.
MARSON, Izabel Andrade. O Império do Progresso: a Revolução Praieira em Pernambuco (1842-1855). São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.
MARSON, Izabel Andrade. Política, História e Método em Joaquim Nabuco: tessituras da revolução e da escravidão. Uberlândia: EDUFU, 2008.
MARSON, Izabel Andrade. Movimento Praieiro: imprensa, ideologia e poder político. São Paulo: Moderna, 1980.
MARTINEZ, Alessandra Frota. Educar e Instruir: a instrução popular na Corte Imperial – 1870 a 1889. 1997. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1997.
MARTINS, Mônica de Souza N. Entre a Cruz e o Capital: as corporações de ofício no Rio de Janeiro após a chegada da família real, 1808-1824. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. (coord.). Inventário da Igreja de São José do Ribamar. Recife: IPHAN, 1975.
MENEZES, José Luiz Mota. A presença de negros e pardos na arte pernambucana. Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, nº 61, 2005.
NOMELINI, Paula Christina Bin. Sociedade Humanitária Operária: o mutualismo no estudo da classe operária. Campinas: IFCH/UNICAMP, 2004.
WRIGLEY, Julia. The Division between Mental and Manual Labor: artisan education in science in nineteenth-century Britain. The American Journal of Sociology, v. 88, supplement, Marxist Inquiries: Studies of Labor, Class and States, 1982.
RIOS, Wilson de Oliveira. A Lei e o Estilo: a inserção dos ofícios mecânicos na sociedade colonial brasileira (Salvador e Vila Rica, 1690-1750). Niterói: Universidade Federal Fluminense, Tese, (Doutorado em História), 2000.
SCHWARTZ, Lilia Moritz. Exposições Universais: festas do trabalho, festas do progresso. In: As Barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SILVA, Adriana Maria Paulo da. Processos de Construção das Práticas de Escolarização em Pernambuco, em fins do século XVIII e primeira metade do século XIX. Recife: Editora da UFPE, 2007.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
The authors assign to Revista Mundos do Trabalho the exclusive rights of first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License (CC BY) 4.0 International. This license allows third parties to remix, adapt and create from the published work, giving due credit for authorship and initial publication in this journal. Authors are authorized to take additional contracts separately, for the non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (e.g. publish in an institutional repository, personal website, publish a translation, or as a book chapter), with authorship and publication in this journal.