“Sete dias na Babilônia”: Línguas e exílio na vida de Alexander Lenard
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2021.e83953Resumo
Neste artigo, analisamos a atitude do tradutor e escritor Alexander Lenard (1910-1972) perante seu ambiente durante seus anos de exílio no Brasil. Lenard ficaria autoexilado no interior do estado de Santa Catarina, de 1952 até sua morte. Nascido na Hungria, onde é considerado um grande escritor nacional, a família de Lenard se mudou para a Áustria em 1920. Em Viena, ele estudaria medicina. De origem judaica, Lenard fugiu para a Itália quando, em 1938, a Áustria foi anexada ao Reich alemão. Em Roma, ele viveu escondido até o final da guerra. Por medo do conflito na Coréia se espalhar, Lenard mudou-se para o Brasil em 1952. Ele jamais voltaria para a Europa. Durante quase vinte anos, Lenard viveu entre os “colonos” de língua alemã em Santa Emma (SC), onde exerceu a profissão de farmacêutico, e, ocasionalmente, de médico. Lenard se expressava principalmente em alemão. No Brasil, ele continuou escrevendo e traduzindo de, e para, um grande número de idiomas estrangeiros. No entanto, apesar de sua longa estadia no Brasil, ele nunca se expressaria em português. Nos anos sessenta, Lenard deu uma série de palestras, transmitidas pela Norddeutsche Rundfunk alemã, que foram publicadas sob o título Sieben Tage Baylonisch [Sete Dias na Babilônia] (1964). Neste pequeno volume, Lenard dá sua opinião sobre sete idiomas: húngaro, catarinense, português brasileiro, botocudo, francês acadêmico, romano e neolatim. No presente artigo, nos debruçamos sobre os três idiomas relacionados com o Brasil e, portanto, com a situação de exílio de Lenard. Sua visão sobre estes idiomas mostra como ele havia interrompido seu processo de integração, em contraste com o que havia feito antes na Áustria e na Itália.
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