Vozes Femininas nas Traduções Brasileiras do Drama Shakespeariano
DOI :
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2022.e80659Résumé
O objetivo deste artigo é traçar o perfil de algumas tradutoras da poesia dramática shakespeariana para o português do Brasil, cujo marco inicial foi A megera domada em tradução de Berenice Xavier (1936). A perspectiva adotada insere-se na vertente da sociologia da tradução que se fundamenta nos conceitos de habitus, capital e campo de Pierre Bourdieu (1986, 1989, 1996) e na subárea dos Estudos da Tradução a que Andrew Chesterman (2009) se refere como Estudos do Tradutor. Considerando-se apenas traduções integrais a partir da língua inglesa e publicadas sob forma de livro, contam-se até o final de 2020 um total de 214 traduções brasileiras das 39 obras dramáticas de Shakespeare. Até o momento, 39 tradutores individuais, uma dupla e um coletivo assinaram traduções integrais de peças do cânone, grupo no qual se incluem apenas dez mulheres. Ao examinar conjuntamente dados biográficos, visões de tradução e comportamento tradutório dessas mulheres, levando em conta o contexto sociocultural em que se inseriam ou se inserem, pretendo ressaltar o seu legado, em uma possível contribuição para a historiografia da tradução literária no Brasil.
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