'Quem tem razão é o próprio amor': uma nova tradução brasileira de "The phoenix and the turtle", de William Shakespeare

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2023.e93085

Palavras-chave:

William Shakespeare, The Phoenix and the Turtle, Tradução de poesia

Resumo

Este artigo tem o duplo objetivo de apresentar uma nova tradução do poema de William Shakespeare “The Phoenix and the Turtle”, discutindo soluções formais e semânticas, e contribuir para a redução da lacuna que existe em termos de traduções da obra lírica do autor inglês para o português brasileiro, bem inferiores em número às do cânone dramático, exceção feita à série de 154 sonetos (The Sonnets, 1609). Trata-se de um poema curto, publicado em 1601, em uma coletânea reunida por Robert Chester sob o título Love’s Martyr, na qual também figuram autores como Ben Jonson e George Chapman. Em termos formais, o poema tem 67 versos distribuídos em 13 quadras e cinco tercetos, esses pertencentes à parte final, o threnos. Escrito em tetrâmetos trocaicos, a obra segue o esquema rímico abba nas quadras e aaa nos tercetos. Em tom alegórico, ela fala sobre o amor ideal entre a fênix e o pombo, que as une em um único ser, ao mesmo tempo em que preserva suas respectivas individualidades. O poema começa com a reunião de algumas aves, como corvo, águia e cisne, para relembrar a fênix e o pombo após a sua morte. A partir da décima-primeira estrofe, a Razão, personificada, assume a narrativa, e entoa um lamento fúnebre sobre o amor das duas aves: com a sua morte, a beleza, a verdade e a graça desaparecem do mundo. A tradução aqui proposta adotou a metodologia para a tradução de poemas desenvolvida por Paulo Henriques Britto (2006, 2015), composta de três etapas: a identificação das características poeticamente significativas do texto poético; a atribuição de uma prioridade a cada característica, dependendo da maior ou menor contribuição por ela dada ao efeito estético total do poema; e a recriação das características tidas como as mais significativas dentre aquelas para as quais se pode buscar correspondências na língua alvo. Seguindo esse roteiro, o poema foi recriado em octossílabos, replicando a estrofação e o esquema rímico dos versos shakespearianos.

Referências

Afonso, Leonardo. “A fênix e o pombo”. Página de Trabalho do Pesquisador Shakespeariano Leonardo Afonso. Janeiro de 2022. Disponível em: https://profleoafonso.wordpress.com/a-fenix-e-o-pombo/. Acesso em: 2 fev. 2023.

Britto, Paulo Henriques. “Correspondência formal e funcional em tradução poética”. In: Souza, Marcelo Paiva de; Carvalho, Raimundo & Salgueiro (org.). Sob o signo de Babel: literatura e poéticas da tradução. Vitória: PPGL-MEL/Flor&Cultura, 2006. p. 55-64. Disponível em: http://www.letras.puc-rio.br/media/filemanager/professores/paulo_britto/Britto%20-%20Correspondencia%20formal%20e%20funcional.pdf. Acesso em: 7 jul. 2023.

Britto, Paulo Henriques. “A reconstrução da forma na tradução de poesia”. Eutomia, 16(1), p. 102-117, 2015. Disponível em www.letras.puc-rio.br/media/filemanager/professores/paulo_britto/Reconstrucao%20da%20forma%20na%20traducao%20de%20poesia.pdf. Acesso em: 7 jul. 2023.

Burrow, Colin. “Introduction”. In: Burrow, Colin (ed.). William Shakespeare. The Complete Sonnets and Poems. Oxford: Oxford University Press, 2002. p. 1-169.

Chester, Robert (org.). Loves Martyr: Or, Rosalins Complaint. Allegorically Shadowing the truth of Love in the constant Fate of the Phoenix and Turtle. Londres, 1601. Digitalizado pela biblioteca da Universidade da Califórnia em Riverside.

Folgerpedia. Disponível em www.folgerpedia.folger.edu. Acesso em: 06 jan. 2023.

Greenblatt, Stephen (general editor); Cohen, Walter; Howard, Jean & Maus, Katharine Eisaman (ed.). The Norton Shakespeare, based on the Oxford Edition. 2. ed. Londres: Norton, 2008.

Grünewald, José Lino. “A magia de Shakespeare, para além do tempo”. O Estado de São Paulo, 10 mar. 1990. Disponível em: https://joselinogrunewald.com.br/literatura.php?id=536. Acesso em: 5 jan. 2023.

Grünewald, José Lino. “Shakespeare metafísico”. Jornal do Brasil, 23 abr. 1964. Disponível em: https://joselinogrunewald.com.br/traducoes.php?id=830. Acesso em: 5 jan. 2023.

Hyland, Peter. An Introduction to Shakespeare’s Poems. Nova York: Palgrave Macmillan, 2002.

Mendes, Oscar. “Nota introdutória”. In: Shakespeare, William. William Shakespeare: Obra completa. Volume III – Dramas históricos e Obras líricas. Tradução anotada de F. Carlos de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar Editora, 1969. p. 735-737.

Motta, Thereza Christina Rocque da. “A Fênix e a Pomba (William Shakespeare)”. Blog de Thereza Christina Rocque da Motta. Rio de Janeiro, 1 maio 2012. Disponível em: http://therezachristinamotta.blogspot.com/2012/05/fenix-e-pomba-william-shakespeare.html. Acesso em: 2 fev. 2023.

Oxford English Dictionary. Second Edition on CD-ROM (v. 4.0). Oxford: Oxford University Press, 2009.

Post, Jonathan F. S. Shakespeare’s Sonnets and Poems – a Very Short Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2017.

Roe, John (ed.). The Poems. Venus and Adonis, The Rape of Lucrece, The Phoenix and The Turtle, The Passionate Pilgrim, A Lover’s Complaint. Updated edition. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.

Shakespeare, William. William Shakespeare – Obra Completa. Volume III – Dramas históricos e Obras líricas. Tradução anotada de F. Carlos de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar Editora, 1969.

Downloads

Publicado

29-12-2023

Como Citar

Britto, P. H. ., & Martins, M. A. P. (2023). ’Quem tem razão é o próprio amor’: uma nova tradução brasileira de "The phoenix and the turtle", de William Shakespeare. Cadernos De Tradução, 43(1), 1–21. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2023.e93085

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>