Luta e labor nas matas do interior: os mateiros na expansão da fronteira colonizadora do Brasil na primeira metade do século XX
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2025.e102375Palavras-chave:
Mateiros, Fronteira, Representação SocialResumo
Apesar de sua relevância no avanço das frentes de expansão do Brasil, o mateiro tem recebido pouca atenção da historiografia voltada aos estudos sobre sociedade e natureza. Além disso, uma visão pejorativa sobre os mateiros, assumida sobretudo por trabalhos que criticam a rusticidade sertaneja e a ignorância caipira, contribuiu para que o seu papel social não fosse bem definido, o que dificultou a categorização do seu trabalho pela teoria social brasileira. Este estudo buscou analisar o papel dos mateiros, suas diferentes atividades e representações, bem como a relação da sua atividade com o contexto histórico do ambiente natural no Brasil, especialmente na sua função como agente da fronteira. Para tanto, foram identificadas diferentes representações desse personagem com base em fontes que descrevem a sua participação nas frentes de fronteira, tanto no Norte quanto no Brasil Central. Os registros históricos da primeira metade do século XX descrevem diferentes ofícios e representações dos mateiros. No entanto, reforçam seu papel como vanguardista da fronteira, destacando o contato pioneiro com o mundo natural, ao mesmo tempo que divergem sobre seus atributos e competências.
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