Dos lucros que Deus for servido dar: sociedades e organização produtiva na extração aurífera do espaço agrominerador de Mariana setecentista (1711-1800)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2023.e96118Palavras-chave:
Mineração, Organização do trabalho, Sociedades mineraisResumo
Neste artigo discutiremos elementos constitutivos do universo minerador que, ao lado de fatores econômicos, estiveram presentes na estruturação do trabalho e na organização produtiva dos empreendimentos minerais do termo de Mariana entre 1711 e 1800. Apontaremos o processo de mineralização do ouro e os tipos de depósitos auríferos para discutirmos a progressiva complexificação da atividade, debatendo sobre as adversidades e dispêndios que permeavam a montagem dos serviços minerais. Destacamos a predominância da exploração de jazidas aluvionais e sua ligação com a conformação paralela de um espaço de produção e trabalho agrícolas, remetendo a um processo de diversificação econômica e construção de um cenário agrominerador. Demonstraremos como as sociedades foram importantes na montagem e condução de empreendimentos minerais/agrominerais, e como sua configuração nos permite compreender o cotidiano do trabalho e da organização da produção aurífera. A análise foi feita a partir de registros notariais dos livros de nota de Mariana, mormente escrituras de compra e venda e de sociedade.
Referências
AGRICOLA, Georgius. De Re Metallica. Translated from the first latin edition of 1556, by Herbert Clark Hoover and Lou Henry Hoover. The mining magazine: London, 1912.
ALFAGALI, Crislayne Gloss Marão. Ferro em obras: oficiais do ferro, Vila Rica (1750-1795). Dissertação (Mestrado em História). Mariana: ICHS/UFOP, 2009.
ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de. Alterações nas unidades produtivas mineiras: Mariana – 1750-1850. Dissertação (Mestrado em História). Niterói, UFF, 1994.
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. Brasilia: Senado Federal, 2011.
BEGARD, Laird W. Escravidão e histórica econômica: demografia de Minas Gerais, 1720-1880. Tradução de Beatriz Sidou, Bauru, SP: EDUSC, 2004.
BOSCHI, Caio César. “Apontamentos para o estudo da economia, da sociedade e do trabalho nas Minas Colonial”. Belo Horizonte: Análise & Conjuntura, v. 4, n.os 2 e 3, mai./dez. 1989. Apud: BOSCHI, Caio César. “Nem tudo que reluz vem do ouro”. In: SZMRECSÁNYI, Tamás. História econômica do período colonial. São Paulo: Hucitec, 1996, p. 58.
BOTELHO, Tarcísio Rodrigues. “População e escravidão nas Minas Gerais, c. 1720.” Anais do XII Encontro da Associação Brasileira de Estudos de população - ABEP, GT População e História, Caxambú, outubro de 2000.
BROWN, Kendall. “Mercury and Silver Mining in the Colonial Atlantic”. In: Oxford Research Encyclopedia of Latin American History: Oxford University Press, 2017.
CARRARA, Ângelo Alves. Minas e Currais: Produção Rural e Mercado Interno de Minas Gerais (1674-1807). Juiz de Fora: Editora da UFJF. 2007.
DARDENNE, Marcel Auguste & SCHOBBENHAUS, Carlos. “Depósitos minerais no tempo geológico e épocas metalogenéticas.” Geologia, tectônica e recursos minerais do Brasil: texto, mapas e SIG. Brasília, CPRM 2003.
ESCHWEGE, Wilhem L. V. Pluto brasiliensis. Trad. Domício de Figueiredo Murta. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2011.
FERRAND, Paul. O ouro em Minas Gerais. Belo Horizonte: Centro de Estudos Históricos e Culturais. Fundação João Pinheiro, 1998.
FIGUEIREDO, Luciano Raposo de Almeida; CAMPOS, Maria Verônica (Coords.) Códice Costa Matoso. Vol. I. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1999.
FLORENTINO, Manolo; FRAGOSO, João. O arcaísmo como projeto: Mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia. Rio de Janeiro, c. 1790-c. 1840. 4ª. Edição revista e ampliada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FRAGOSO, João. “E as plantations viraram fumaça: nobreza principal da terra, Antigo Regime e escravidão mercantil”. História (São Paulo), v. 34, n. 2, p. 58–107, 2015. “Glossário geológico”. IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. Rio de Janeiro: IBGE, 1999.
GONÇALVES, Andréa Lisly. “Escravidão, herança ibérica e africana e as técnicas de mineração em Minas Gerais no século XVIII”. In: Anais XI Seminário sobre a Economia Mineira, Diamantina, 2004.
JÚNIOR, Hermínio Arias Nalini; ROSIÈRE, Carlos Alberto & ENDO, Issamu. “Sobre a geologia estrutural do anticlinal de Mariana, região sudeste do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Uma Revisão.” In: Revista Escola de Minas, Ouro Preto, 45 (1 e 2), jan/jul, 1992.
KULA, Witold. Teoria econômica do sistema feudal. Lisboa: Presença, 1979.
LANE, Kris. “Potosí Mines”. Oxford Research Encyclopedia of Latin American History: Oxford University Press, 2015.
LIBBY, Douglas Colle. Transformação e trabalho em uma economia escravista. São Paulo: Brasiliense, 1988.
LOPES, Quelen Ingrid. O mercado de bens rurais, extrativos e urbanos do termo de Mariana: interações sociais, econômicas e espaços de produção (1711-1779). (Doutorado em História) Juiz de Fora: UFJF/Programa de Pós-Graduação em História, 2015.
NALINI JR., Hermínio Arias. et. al. “Análise estratigráfica e distribuição do arsênio em depósitos sedimentares quaternários da porção sudeste do Quadrilátero Ferrífero, bacia do Ribeirão do Carmo, MG.” In: Revista da Escola de Minas. Ouro Preto, 63(4): 703-714, Out/Dez, 2010.
PAIVA, Eduardo França. “Bateias, carumbés, tabuleiros: mineração africana e mestiçagem no Novo Mundo.” In: PAIVA, Eduardo França; ANASTASIA, Carla Maria Junho (Orgs.). O trabalho mestiço: maneiras de pensar e formas de viver – séculos XVI a XIX. São Paulo / Belo Horizonte: Annablume / PPGH-UFMG, 2002.
POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens da nossa época. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1980.
REIS, Flávia Maria da Mata. Entre faisqueiras, catas e galerias: Explorações do ouro, leis e cotidiano das Minas do século XVIII (1702-1762). Dissertação (Mestrado em História). Belo Horizonte: FAFICH/UFMG, 2007.
REZENDE, Dejanira Ferreira de; ANDRADE, Francisco Eduardo de; “Estilo de minerar ouro nas Minas Gerais escravistas, século XVIII”. Revista de História, n. 168, pp. 382-413, 2013.
ROESER, Hubert Matthias Peter & ROESER, Patrícia Angelika. “O Quadrilátero Ferrífero - MG, Brasil: Aspectos sobre sua história, seus recursos minerais e problemas ambientais relacionados.” In: GEONOMOS, 18(1): 2010.
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Ser nobre na colônia. São Paulo: SciELO - Editora UNESP, 2005.
SOUZA, Laura de Mello e. "Nobreza de sangue e nobreza de costume: ideias sobre a sociedade de Minas Gerais no século XVIII". In: O sol e a sombra: política e administração na América portuguesa do século XVIII. São Paulo, Brasil: Companhia das Letras, 2006.
VAINFAS, Ronaldo (Org.) Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores cedem à Revista Mundos do Trabalho os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.