Transcriação e crítica literária: Haroldo de Campos e o papel epistêmico do ícone

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2022.e85828

Palavras-chave:

Transcriação, Tradução criativa, Tradução icônica, Haroldo de Campos, C. S. Peirce, Tradução como crítica

Resumo

Que papel o fenômeno da tradução criativa, tradução icônica, ou transcriação, pode ter entre diversas formas de crítica? Vamos examinar esta questão no escopo da divisão sugerida por Umberto Eco, e sua relação com a tese de Haroldo de Campos de "tradução como crítica" – "se a tradução é uma forma privilegiada de leitura crítica, será através dela que se poderão conduzir outros poetas, amadores e estudantes de literatura à penetração no âmago do texto artístico, nos seus mecanismos e engrenagens mais íntimos". Exploramos essa tese através da noção operacional do ícone, e de ícone diagramático, desenvolvida por C. S. Peirce, e do exame da transcriação do poema "The Expiration", de John Donne, por Augusto de Campos. Em nossa abordagem, a transcriação é um ícone de relações. Ela revela, através de uma operação tipicamente diagramática, um sistema multinível de restrições. Nossa abordagem sugere uma perspectiva epistêmica para o ícone, desconsiderada por Haroldo, capaz de re-situar sua tese em um cenário teórico ainda inexplorado.

Referências

Atã, Pedro & Queiroz, João. “Iconicity in Peircean situated cognitive semiotics”. In: Thellefsen, Torkild & Sorensen, Bent (Orgs.). Charles Sanders Peirce in his own words – 100 years of semiotics, communication and cognition. Berlin: Walter de Gruyter, 2014. p. 527-536.

Atã, Pedro & Queiroz, João. “Multilevel poetry translation as a problem-solving task”. Cognitive Semiotics, 9(2), p. 139-147, 2016. DOI: https://doi.org/10.1515/cogsem-2016-0007

Campos, Haroldo. A arte no horizonte do provável. São Paulo: Perspectiva, 1972.

Campos, Haroldo. “Da tradução como criação e como crítica”. In: Tápia,

Marcelo & Nóbrega, Thelma (Orgs.). Haroldo de Campos: transcriação. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 1-18.

Campos, Haroldo. Da transcriação poética e semiótica da operação tradutora.Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2011.

Campos, Haroldo. Metalinguagem & outras metas. São Paulo: Perspectiva, 2006.

Campos, Augusto. O anticrítico. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

Campos, Haroldo. O arco-íris branco. São Paulo: Imago, 1997.

Campos, Haroldo. O segundo arco-íris branco. São Paulo: Imago, 2010.

Campos, Haroldo. “Prólogo: Escrito sobre Jade”. In: Vieira, Trajano (Org.). Escrito sobre Jade: poesia clássica chinesa reimaginada por Haroldo de Campos. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. p. 12-15.

Eco, Umberto. Sobre a literatura. Rio de Janeiro: Record, 2003.

Fabri, Albrecht. Preliminares a uma teoria da literatura [Präliminarien zu einer Theorie der Literatur]. Augenblick: Stuttgart-Darmstadt, 1958.

Farias, Priscila & Queiroz, João. Visualizando Signos. Ed. Blucher/FAPESP, 2017. Disponível em: https://www.blucher.com.br/livro/detalhes/visualizandosignos-1366/arquitetura-e-design-117. Acesso em: 31 jan. 2022.

Farias, Priscila & Queiroz, João. “Images, diagrams, and metaphors: hypoicons in the context of Peirce’s sixty-six fold classification of signs”. Semiotica,162, p.287-308, 2006. DOI: https://doi.org/10.1515/SEM.2006.081

Greene, Roland. “Poem”. In: Greene, Roland (Org.). The Princeton encyclopedia of poetry and poetics. Princeton: Princeton University Press, 2012. p. 1046-1048.

Hookway, Christopher. Truth, rationality, and pragmatism: themes from Peirce. Oxford: Oxford University Press, 2002.

Jakobson, Roman. “Poetry of grammar and grammar of poetry (excerpts)”. Poetics Today, 2, p. 83-85, 1980. DOI: https://doi.org/10.2307/1772353

Johansen, Jørgen Dines. Dialogic semiosis. Indiana: Indiana University Press,1993.

Martinčić-Ipšić, Sanda; Margan, Domagoj & Meštrović, Ana. “Multilayer network of language: a unified framework for structural analysis of linguistic subsystems”. Physica A, 457, p. 117-128, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.physa.2016.03.082

Morris, Charles. Writings on the general theory of signs. Den Haag: Mouton,1971.

Peirce, Charles Sanders. The collected papers of Charles Sanders Peirce. v. I-VI [organizado por Hartshorne, Charles & Weiss, Paul. Cambridge: Harvard University Press, 1931-1935]; v. VII-VIII [organizado por Burks, Arthur, same publisher, 1958]. (Citado como CP).

Peirce, Charles Sanders. New elements of mathematics by Charles Sanders Peirce [organizado por Eisele, Carolyn. The Hague: Mouton, 1976]. (Citado como NEM).

Peirce, Charles Sanders. Annotated Catalogue the Papers of C. S. Peirce [organizado por R. S. Robin. Massachusetts, The University of Massachusetts Press, 1967]. (Citado como MS, seguido pelo número do manuscrito).

Peirce, Charles Sanders. Writings of Charles S. Peirce, v. 5 [organizado por M. Fisch, E. Moore & C. Kloesel. Bloomington: Indiana University Press, 1993].(Citado como W, seguido pelo volume e número da página).

Zeman, Jay. “The esthetic sign in Peirce’s semiotic”. Semiótica, 19, p. 241-58, 1977. DOI: https://doi.org/10.1515/semi.1977.19.3-4.241

Downloads

Publicado

10-11-2022

Como Citar

Fernandes, A., & Queiroz, J. . (2022). Transcriação e crítica literária: Haroldo de Campos e o papel epistêmico do ícone . Cadernos De Tradução, 42(1), 1–22. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2022.e85828

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.