Práticas abortivas e redes de solidariedade entre trabalhadoras: o caso de Guilhermina Pereira da Silva Caixeiro (Rio Grande, RS, 1950)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2025.e105488Palavras-chave:
Trabalhadoras, Aborto, Agência FemininaResumo
O presente artigo investiga as práticas abortivas entre trabalhadoras no município de Rio Grande (RS), tendo como eixo analítico o caso de Guilhermina Pereira da Silva Caixeiro, parteira e líder comunitária. Presidente da União das Mulheres Rio-grandinas (UMRG), uma frente ampla estabelecida pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1946, Guilhermina desempenhou um papel crucial na organização de redes de solidariedades femininas. Entre os anos de 1950 e 1954, foram instaurados três processos criminais sob a acusação de aborto qualificado, com a Promotoria Pública alegando sua participação em procedimentos realizados em quatro trabalhadoras. A análise deste estudo propõe compreender o aborto como uma estratégia de resistência cotidiana e luta pela sobrevivência em um contexto marcado por desigualdades estruturais de gênero, classe e raça, bem como explorar as dinâmicas das redes de apoio construídas entre mulheres trabalhadoras no período. Para tal, recorre-se à análise de fontes criminais, inventários e fontes da imprensa, problematizando as complexas relações de poder e a agência feminina em um cenário de repressão estatal e direitos reprodutivos.
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