Trabalhadores escravizados e livres na cafeicultura do sudoeste de Minas Gerais (Guaxupé, Muzambinho e Guaranésia, 1869-1930)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2025.e107708Palavras-chave:
Cafeicultura, Organização do trabalho, Minas GeraisResumo
Este artigo analisa algumas formas de organização do trabalho nas fazendas cafeeiras do Sudoeste mineiro – municípios de Guaxupé, Guaranésia e Muzambinho – entre 1869 e 1930. Na primeira parte, examina-se a expansão das lavouras de café e o uso da mão de obra escrava nas décadas de 1870 e 1880. Observa-se que os cativos, concentrados nas maiores unidades produtivas, impulsionaram a produção cafeeira local e possibilitaram a inserção das propriedades na economia agroexportadora. Na segunda parte, com base em escrituras de formação e trato de cafezais, investigam-se duas modalidades de contratação de trabalhadores: a empreitada e a parceria. Esses documentos oferecem informações importantes sobre a organização do trabalho nas grandes fazendas, tais como a descrição das atividades exigidas, formas de remuneração (monetária e não monetária), as multas previstas e obrigações adicionais impostas aos trabalhadores. A partir desses registros, é possível avaliar as condições laborais e identificar os mecanismos contratuais que intensificavam a exploração da força de trabalho.
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