Cozinhas Solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST): Solidariedade e reconstrução da esfera pública (2021-2022)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2023.e92392Palavras-chave:
Cozinhas Solidárias, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Soberania AlimentarResumo
Este artigo analisa, a partir de dados de observação em campo e entrevistas, o desenvolvimento e o papel das Cozinhas Solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) entre os anos de 2021 e 2022, período marcado pelo retorno do Brasil ao Mapa da Fome e pelo processo de ampliação da parcela de trabalhadores em condição de pobreza. A partir da Cozinha Solidária da Lapa, no Rio de Janeiro, o desenvolvimento das Cozinhas Solidárias é analisado em relação ao processo de arrefecimento da esfera pública, orientado pelas reformas nos programas e políticas sociais da primeira década dos anos 2000 e agravado pelo processo de erosão democrática aberto a partir dos anos de 2015 e 2016. A partir da caracterização do projeto das Cozinhas Solidárias e seu desenvolvimento, espera-se indicar formas pelas quais a temática da “fome” tomou o cenário público, de modo diferente do que ocorreu no início dos anos 2000 e nos anos de 1990, conferindo coesão a reorganização às mobilizações populares. Nota-se que a articulação das Cozinhas Solidárias, de forma conectada a um projeto de sociedade derivado de um movimento social organizado, intenciona questionar as formas de combate à fome e à pobreza que não alteram a organização das relações sociais, através de ações de mobilização popular pautada pela solidariedade social com o objetivo de reconstrução da esfera pública como espaço de fazer política, provocando inflexões para o desenvolvimento de políticas sociais de Segurança Alimentar e Nutricional e Soberania Alimentar.
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