Viajar da Ucrânia a Portugal com um passageiro clandestino chamado covid-19: estudo de um caso crítico em interpretação telefônica
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2024.e96131Palabras clave:
interpretação telefônica, incidente crítico, pandemia, serviços públicosResumen
A concentração de pessoas em ambiente familiar e as viagens internacionais são duas das principais formas de contágio do coronavírus, responsável pela grande pandemia da nossa história recente, e foi uma mistura destes dois aceleradores da propagação do vírus que esteve na origem do caso crítico que queremos apresentar. No final de outubro de 2020, uma família ucraniana-portuguesa viu-se impossibilitada de se reunir em Portugal, quando um dos membros da família apresentou sintomas graves compatíveis com a covid-19 em território espanhol e precisou de internamento hospitalar urgente. Este acontecimento levou ao isolamento de outro dos viajantes com sintomas leves num hotel na Espanha, enquanto os restantes seguiram a sua viagem para Portugal. Nenhum dos integrantes da unidade familiar falava espanhol e foram atendidos pelo Osakidetza (Serviço de Saúde do País Basco), usando o serviço de interpretação telefônica contratado à empresa Dualia Teletraducciones, que operou nas combinações português-espanhol e ucraniano-espanhol. Neste artigo, aprofundamos a análise das conversas realizadas através de interpretação telefônica entre pacientes e enfermeiras, médicas, rastreadoras e intérpretes profissionais de português e ucraniano, com base na metodologia de estudo do Incidente Crítico (Lian, 2001; Page & Meerabeau, 2000; Perry, 1997); da hospitalização e isolamento dos membros do núcleo familiar até terem alta médica e regressarem a Portugal. Abordamos especificamente os elementos culturais, reflexos da assimetria entre os interlocutores e o impacto que estes dois blocos de elementos tiveram na transferência de informação por parte dos intérpretes telefônicos.
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