“Sendo agora, como se fôssemos, uma família”: laços entre companheiros de viagem no navio negreiro Emília, no Rio de Janeiro e através do Mundo Atlântico
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2011v3n6p7Resumo
Resumo: Este artigo analisa a vida dos africanos num navio negreiro, o Emília. O navio foi capturado pelafragata inglesa Morgiana em 1821 e levado ao Rio de Janeiro. No Rio, a comissão mista anglo-portuguesacondenou o navio pelo crime de comércio ilícito de escravos. Os africanos do Emília ficaram na condição de“africanos livres” sob a custódia do governo local por um período de quatorze anos. Foram distribuídos entreinstituições públicas e concessionários particulares para servir como “trabalhadores livres”. Na prática suasexperiências de trabalho foram semelhantes às de escravos. Depois de quatorze anos, um grupo dos africanoslivres do Emília voltou à África juntos. O artigo propõe que a identidade mais importante para reforçar asrelações entre os africanos não foi uma identidade étnica, mas sim uma identidade nascida no Emília, umaidentidade de companheiros de viagem.
Abstract: This article analyzes the lives of a group of Africans from a slave ship, the Emilia. The ship was seizedby the British frigate Morgiana in 1821 and taken to Rio de Janeiro. There, it was condemned by the British andPortuguese mixed commission court for illegal slave trading. The recaptives from the Emilia became “liberatedAfricans” and remained under the custody of the local government for fourteen years. They were distributedamong public institutions and private hirers to serve as “free laborers”. In practice, their labor experiences wereclose to slavery. After fourteen years, a group of the Africans from the Emilia went back to Africa together. Thearticle claims that rather than an ethnic identity, the most important bond among them was the identity theycreated during the middle passage on board the Emília, a shipmate identity.
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