Tenório e Alaíde: Justiça do Trabalho, ditadura militar e trabalhadores dos canaviais. Pernambuco, 1967-1968
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2025.e107040Palavras-chave:
Ditadura Militar, Justiça do Trabalho, RepressãoResumo
O objetivo deste artigo foi estudar a disputa trabalhista entre Tenório, trabalhador dos canaviais, e Xavier, dono do Engenho Belmonte, na Justiça do Trabalho, entre 1967 e 1968. A partir desse conflito, buscou-se investigar aspectos da Ditadura Militar na zona canavieira de Pernambuco. Para tanto, foi utilizada como principal peça documental, a reclamação trabalhista apresentada contra o Engenho Belmonte, localizado na cidade de Vicência, Zona da Mata Norte de Pernambuco. Ainda foram consultados os periódicos, Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio, Ultima Hora e Correio da Manhã, bem como relatórios produzidos pelo Serviço Nacional de Informação - SNI e pelo Tribunal Regional Eleitoral. Como resultado, podemos afirmar que as lutas por direitos sociais continuaram na região canavieira de Pernambuco, mesmo depois do Golpe de 1964, e a Justiça do Trabalho se tornou um palco dos embates. O acesso a um pequeno pedaço de terra, ou a permanência na mesma, por meio da morada nos engenhos, também passou a ser disputada na esfera trabalhista, já que movimentos como as Ligas Camponesas, agitadores por uma reforma agrária radical, haviam sido esmagados. Indica-se ainda, neste artigo, como a violência do Estado ditatorial deve ser pensada para além das praticadas, diretamente, pelos seus agentes, buscando entender como a ditadura atualizou o lugar de poder da elite agrária e criou um salvo-conduto para suas ações violentas.
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