Para a saúde da criança. A educação do trabalhador nas teses médicas e nos jornais operários (São Paulo, início do século XX)
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-9222.2015v7n13p27Palavras-chave:
educação para a saúde, teses médicas, jornais operáriosResumo
O artigo discute como em São Paulo, nas primeiras décadas dos novecentos, o saber médico-científico, expresso de maneira privilegiada em teses da Faculdade de Medicina e Cirurgia da cidade, embasou propostas educacionais de doutores e permeou discussões e ações de trabalhadores relacionadas à questão da saúde da criança operária (entendida como criança trabalhadora ou filha de operários ou trabalhadores), dentro e fora da fábrica, no período de maior influência de ideias anarquistas entre o operariado de São Paulo (da virada para o século XX até os anos 1920). Destaco as discussões sobre o trabalho infantil e sobre a mulher-mãe operária, responsável primeira pela saúde dessas crianças.
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