Traduzindo a Índia: o projeto budista e a escola de tradução chinesa
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2025.e105427Palavras-chave:
projeto de tradução budista, monges tradutores, escola de tradução chinesa, Índia antiga, estudos da traduçãoResumo
A história da tradução na China pode ser amplamente dividida em dois momentos cruciais, cada um impulsionado por necessidades distintas: traduzir de fora para dentro e de dentro para fora. Este artigo se concentra no primeiro, especificamente no projeto monumental de tradução do cânone budista, que abrange sutras, vinaya e sastra. O “projeto budista” (Cheung, 2014), um termo usado para descrever a tradução de todo o cânone budista e conhecimento importado da Índia, abrangeu de meados do século II ao início do século XII. Esse esforço sem precedentes influenciou significativamente a formação da “escola de tradução chinesa”. Para entender essa influência, devemos primeiro examinar o contexto histórico das relações Índia-China no século II. Feito isso, o artigo então explorará o desenvolvimento de um discurso sobre a tradução de sutras, destacando as contribuições dos prolíficos tradutores An Shigao, Daoan, Zhi Qian, Paramārtha e Kumārajīva. Por fim, discutiremos o impacto de longo prazo da importação e tradução de filosofias e pensamentos indianos durante o projeto budista. Esse impacto moldou a “escola chinesa de tradução” e desencadeou mudanças na “protopolítica linguística” da China para línguas estrangeiras. Ao analisar esse período transformador na história da tradução chinesa, obtemos a compreensão sobre a profunda influência da troca intercultural no desenvolvimento linguístico e filosófico.
Referências
Bagchi, P. C. (2011). India and China: interactions through Buddhism and diplomacy, a collection of essays. Anthem Press.
Cheung, M. P. Y. (Ed.) (2014). An Anthology of Chinese Discourse on Translation, Volume 1: From Earliest Times to the Buddhist Project. Routledge.
Dhammajoti Thero, K. L. (1995). The Chinese version of Dharmapada. University of Kelaniya.
Durazzo, L., & Jatobá, J. R. (2014). Escalando uma tradução coletiva: Yao Feng e o som da poesia chinesa. Translatio, (7), 1–9.
Fan, S. Y. (1991). Ever since Yan Fu and his criteria of translation. In M. L. Larson (Ed.), Translation: Theory and Practice, Tension and Interdependence (pp. 63–70). John Benjamins Publishing Company.
Fonseca, A. F. da. (2009). A Tradução das Escrituras Budistas na China: A Primeira Onda. [Dissertação de Mestrado]. PUC-Rio.
Froula, C. (2003). The beauties of mistranslation: On Pound's English after Cathay. In Z. M. Qian (Ed.), Ezra Pound and China (pp. 49–71). University of Michigan Press.
Hu, S. (2013). English writings of Hu Shih: Chinese philosophy and intellectual history (Volume 2). (C.-P. I. Chou, Ed.). Springer Science & Business Media.
Huang, S.-C. (1999). Essentials of Neo-Confucianism: Eight Major Philosophers of the Song and Ming Periods. Greenwood.
Hung, E. (2005). 重寫翻譯史 / Rewriting Chinese translation history. Chinese University of Hong Kong.
Jatobá, J. R. (2013). Poesia e (in)traduzibilidade na língua chinesa. Scientia Traductionis, (13), 213–223. http://doi.org/10.5007/1980-4237.2013n13p213
Jatobá, J. R. (2019). Poéticas do Traduzir a, na e para a China: uma proposta. Cadernos de Tradução, 39(especial), 120–147. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2019v39nespp120
Jatobá, J. R. (2020). Política e Planejamento Linguístico na China: Promoção e Ensino da Língua Portuguesa. [Tese de Doutoramento]. University of Macau.
Lai, G., & Wang, Q. E. (2023). Buddhist literature in Chinese history ꟷ Editors’ introduction. Chinese Studies in History, 56(1), 1–4. https://doi.org/10.1080/00094633.2023.2188048
Lao Zi. (2014). Dao De Jing. (M. Sproviero, Trad.). Hedra.
Liang, Q. C. (2001). 佛学研究十八篇 / Eighteen articles on Buddhist studies. Shanghai Classics Publishing House.
Liang, W., Jatobá, J. R., & Durazzo, L. (2015). Composição poética do Oriente ao Ocidente: Jueju de Dufu, Haiku de Matsuo Bashô e Hacai de Guilherme de Almeida. Transversal: Revista em Tradução, 1(2), 29–47.
Liu, J. G. (2007). Ge‐Yi in Buddhist Scripture Translations. Perspectives: Studies in Translatology, 14(3), 206−213. https://doi.org/10.1080/09076760708669038
Luo, X. F. (2006). 论翻译文学对现代汉语的影响 / On the Influence of Translated Literature on Modern Chinese. Míngzuò xīnshǎng: Wénxué yánjiū (xiàxún), (12), 103–106.
Ma, Z. Y. (1999). 中国翻译史 / A History of Translation in China. Hubei Education Press.
McLeod, A. (2023). Textos selecionados de filosofia chinesa II: a filosofia pré-imperial. (A. Bueno, Trad.). In A. Bueno, A. J. B. de Menezes Jr. & E. S. Cruz (Eds.), Textos selecionados de filosofia chinesa II: a filosofia pré-imperial (pp. 51–90). Dissertatio Filosofia.
Ou, X. Y. (2012). The successful integration of Buddhism with Chinese culture: a summary. Grand Valley Journal of History, 1(2).
Portugal, R. P. (2011). A dança da poesia: uma semiótica do caractere chinês. SIBILA Revista de Poesia e Cultura.
Portugal, R. P. (2024). O vórtex da tradução: Ezra Pound e a escritura poética chinesa. [Dissertação de Mestrado]. Universidade de Brasília.
Raine, R. (2016). The Buddhist translation histories of ancient China (c. 150–1276) and Tibet (c. 617–1750): a comparative study. Asia Pacific Translation and Intercultural Studies, 3(1), 2–21.
Skare, N. G. (2018). Para traduzir o cânone pāli: a reine sprache do outro lado da fita de möbius. Cadernos de Tradução, 38(2), 61–77. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2018v38n2p61
Wang, K. F., & Fan, S. (1999). Translation in China: A motivating force. Meta, 44(1), 7–26. https://doi.org/10.7202/004591ar
Xue, C. N., & Mahmood, T. (2024). Translation and Dissemination of Buddhist Texts in China: Centered On Jatakas. Pakistan Social Sciences Review, 8(1), 148–155. https://doi.org/10.35484/pssr.2024(8-I)13
Yan, X. -J. (2007). On the role of ideology in translation practice. US-China Foreign Language, 5(4), 63–65.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Cadernos de Tradução

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista).