"Brasil, o “campeão mundial de acidentes de trabalho”: Controle social, exploração e prevencionismo durante a ditadura empresarial-militar brasileira"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-9222.2015v7n13p151

Resumo

A supressão das liberdades civis e políticas, o arrocho salarial e o declínio do poder aquisitivo dos salários dos trabalhadores brasileiros constituíram-se como elementos fundamentais da política econômica da ditadura militar brasileira instalada em 1964. Como estratégia de sobrevivência, os trabalhadores foram pressionados a submeterem-se ao cumprimento de horas extras, muitas vezes em condições de trabalho degradantes. O aumento da produtividade veio acompanhado do crescimento exponencial dos índices de acidentes e doenças do trabalho durante esse período. Este artigo objetiva analisar como o tratamento conferido pela ditadura a essa questão revela o caráter de classe do golpe e do regime.

Biografia do Autor

Ana Beatriz Ribeiro Barros Silva, Universidade Federal de Pernambuco

Doutoranda em História na UFPE

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Publicado

2016-03-08

Como Citar

RIBEIRO BARROS SILVA, Ana Beatriz. "Brasil, o “campeão mundial de acidentes de trabalho”: Controle social, exploração e prevencionismo durante a ditadura empresarial-militar brasileira". Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 7, n. 13, p. 151–173, 2016. DOI: 10.5007/1984-9222.2015v7n13p151. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/1984-9222.2015v7n13p151. Acesso em: 28 mar. 2024.