Um texto, muitas vozes: “autoria difusa” e a tradução de literatura clássica chinesa para o português
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2023.e97197Palavras-chave:
Tradução chinês-português, Literatura chinesa clássica, Filologia comparada, Chinês clássico (“wenyan”), “Autoria difusa”Resumo
Ao apresentar uma visão geral do que significa traduzir literatura clássica chinesa para o português, o presente texto argumenta que as obras literárias na China são criadas coletivamente, produzindo um conceito mais opaco e fluido de “texto de partida”. Para além do “texto primário”, a obra original, a tradução de tais textos envolve absorver as diferentes contribuições de “autores secundários”, como editores, críticos e hermeneutas: o(s) “texto(s) secundário(s)”. Isso cria um dilema, em que o tradutor tem de fazer escolhas entre preservar a fidelidade estrita ao “texto primário” ou violá-la para realçar a inteligibilidade e/ou valor literário da obra para o público da tradução. O argumento está organizado em três partes. Explica-se, primeiro, como as peculiaridades da tradição literária clássica chinesa produzem o conceito de “autoria difusa”. A seguir, sob uma situação de incerteza sobre o que a obra queira dizer, debate-se como o tradutor deve fixar o texto de partida. Por fim, analisam-se os problemas estético-estilísticos que influenciam o gozo da obra pelo público leitor, sugerindo-se, na conclusão, quatro modelos de tradução, que variam de maior literalidade a maior literariedade.
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