Entre espelhos, paralaxes e afinidades inesperadas: (re)visitando a tradução das poesias chinesa e brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7968.2025.e108586Palavras-chave:
tradução antropofágica, poesia chinesa, poesia brasileira, literatura-mundo, cânone literárioResumo
Neste artigo, examinamos teorias e teóricos, traduções e tradutores da poesia chinesa à língua portuguesa que, ao longo de relações e contatos entre a China e as culturas em língua portuguesa, têm forjado uma poética do traduzir alternativa às teorias ocidentais e ocidentalizantes que, atualmente, sustenta o discurso que advoga a necessidade de novos espaços – acadêmicos e não acadêmicos – para discutir, propor e teorizar poiéticas não europeias em tradução e poéticas de traduzir a, na e para a China. Para isso, faremos revisão de teorias e teóricos da tradução literária tanto da China como do Brasil por meio da tradução e de uma discussão sobre a expansão do cânone literário mundial. Essa revisão será o fio condutor que nos dará o enquadramento para refletir de que modo esses tão variados espaços geográficos, temporais e culturalmente localizados contribuem para engendrar pensares alternativos à e para a literatura-mundo. Revisitaremos teorias, poetas, traduções e tradutores da poesia chinesa e da brasileira a fim de sustentarmos e defendermos a proposição da inserção das teorias e das práticas para a tradução poética sob a óptica das trocas de dois mundos linguística e culturalmente distantes, diferentes, mas que se complementam numa espécie de paralaxe.
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