Como ler e por que retraduzir narrativas do passado? O relato de viagem de La Condamine no rio Amazonas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2023.e96031

Palavras-chave:

La Condamine, Relatos de viagem, Retradução, Anacronismo

Resumo

O presente trabalho consiste na retradução comentada de alguns trechos da obra de Charles-Marie de La Condamine (1745), Relation abrégée d'un voyage fait dans l'intérieur de l'Amérique méridionale. Depuis la côte de la mer du Sud, jusqu'aux côtes du Brésil & de la Guiane, en descendant la riviere des Amazones, relato lido em assembleia pública da Academia de Ciências no dia 28 de abril de 1745 e publicado no mesmo ano pela editora Libraire la Veuve Pissot em Paris. Paralelamente, coloca a questão de como ler um relato do passado e os motivos que levam a retraduzir uma narrativa atravessada por preconceitos sobre os povos originários. Assim, pretendo inicialmente fazer uma reflexão sobre a noção de anacronismo (Loraux, 1992), para, em seguida, refletir sobre o conceito de retradução (Faleiros & Mattos, 2017). Finalmente, discutirei algumas soluções de minha tradução confrontando-a à realizada pela editora do Senado Federal, intitulada Viagem na América Meridional descendo o rio das Amazonas (La Condamine, 2000), publicada em 2000 na coleção “O Brasil visto por estrangeiros”, sem indicação de tradutor.

Referências

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Publicado

01-11-2023

Como Citar

Abes, G. J. (2023). Como ler e por que retraduzir narrativas do passado? O relato de viagem de La Condamine no rio Amazonas. Cadernos De Tradução, 43(esp. 2), 16–40. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2023.e96031

Edição

Seção

Ed. Esp. Traduzindo a Amazônia

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